sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

MARKETING INTERNO E EXTERNO: "Cereais integrais - Para um coração Saudável"

Este anúncio apela à conservação (saúde, felicidade através de uma alimentação saudável).
O público-alvo consagra-se nas pessoas em geral (a referência à dose diária recomendada abrange todos os grupos etários).
A marca Nestlé (evidenciado pelo logótipo) e o slogan “Cereais integrais para uma vida saudável”.
Os tipos de frase declarativa e interrogativa (a introdução na 2ª parte do texto informativo, “Porquê cereais integrais?”).
O vocabulário utilizado é relacionado com a ideia de vida (associação metafórica – coração/vida). No anúncio denotam-se vocábulos do domínio científico (biologia, botânica e nutrição), expressões explicativas (“deste modo”, “ou seja”) e a função da linguagem informativa.
A imagem apresenta dimensões reduzidas em relação ao texto verbal (que constitui o núcleo do anúncio) e o esquema explicativo do domínio científico.
Neste anúncio predomina a cor verde, ligada à natureza, assim como surge, o jogo entre maiúsculas e minúsculas a bold e variações no corpo de letra utilizado. Também são perceptíveis espaços em branco que destacam o título, a introdução ao texto e às várias partes que o compõem, o slogan e a imagem do produto.

Marketing-Mix

A marca dos cereais é de grande prestígio, sendo que a mesma é reconhecida internacionalmente. O anúncio apresenta-se com um nível de alta qualidade, tendo em conta que a sua embalagem e inovação é notável. – Produto
Estes cereais apresentam-se acessíveis a qualquer consumidor em termos de preço, visto que a sua qualidade e a concorrência disponível fazem com que os consumidores estejam dispostos a comprar o produto com alguma frequência. – Preço
Os cereais são distribuídos em qualquer ponto comercial, quer seja uma grande ou pequena superfície, tendo em conta que a marca Nestlé tem um grande impacto na sociedade actual. - Distribuição
Este tipo de anúncios recorre à publicidade, às promoções de vendas, às relações públicas, ao patrocínio e mecenato e ao marketing directo. – Comunicação e Promoção

nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

MARKETING INTERNO E EXTERNO: "Espere o inesperado- Açores - A natureza Intacta"

Neste anúncio publicitário apela-se à diversão (desejo de evasão, boa-disposição, jogo). A imagem apela à felicidade e ao bem-estar, incentivando os turistas a desenvolver actividades de lazer num local bastante confortável.
O público-alvo consagra-se na classe média e média alta.
No que diz respeito aos recursos verbais, insurge a marca – os Açores e o slogan “Espere o inesperado/a natureza intacta”. No anúncio é perceptível o jogo de palavras e de estruturas frásicas, entre elas destacam-se as declarativas e imperativas. O vocabulário utilizado inclui-se no campo semântico do lazer “paisagens”, “natureza”, “mar”, “passeiam-se” e coexiste um grande recurso à adjectivação. Neste anúncio também persiste a função poética (recurso à adjectivação expressiva, à metáfora, à personificação apelativa e ao uso do imperativo).
No que diz respeito aos recursos não verbais, a imagem surge como privilegiada em relação ao texto verbal. A nuvem baleia aparece metaforicamente associada à natureza intacta. A predominância da cor verde remete para a frase vital e para a frescura da natureza, o azul do céu e do mar completam um quadro natural e o branco das flores e nuvens representam a paz que se pode encontrar nos Açores. O corpo da letra é maior na marca e no slogan, o restante texto surge com descrição, ou seja, de uma forma secundária em relação à imagem.

Marketing-Mix
Este anúncio turístico impera pelo seu nível de qualidade, apelando a um destino paradisíaco e por si só o design do mesmo surge como inovador. - Produto
Estes anúncios turísticos apelam muitas vezes a descontos promocionais em determinadas épocas do ano, tendo em conta os preços implementados pelas agências de viagem da concorrência e o preço que o turista está disposto a pagar. – Preço
Os anúncios turísticos surgem muitas vezes em revistas, jornais, campanhas televisivas e flyers disponibilizados em agências de viagem. – Distribuição
Este tipo de anúncios recorre à publicidade, às promoções de vendas, às relações públicas, ao patrocínio e mecenato e ao marketing directo. – Comunicação e Promoção

nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

MARKETING INTERNO E EXTERNO: Mil Folhas - Jornal Público

A imagem representa, em grande plano, um bolo, formado por várias camadas de massa, recheado com creme e com uma cobertura espessa branca, decorada com desenhos de chocolate. O bolo está colocado num prato, protegido por uma guardanapo. Tem um aspecto apetecível, mas não requintado. É um bolo de pastelaria facilmente reconhecível: trata-se de um “mil folhas”. Por cima da imagem, está escrito “Todos os Sábados com o PÚBLICO o novo suplemento de cultura para devorar até ao fim”. Por baixo, lê-se em grandes caracteres a expressão “MIL FOLHAS” e um texto de quatro linhas explica o conteúdo do suplemento.
Este anúncio, de características muito simples, dirige-se a aspectos do psiquismo ligados a funções básicas. Embora sejam estimulados com especial incidência os sentidos visual e gustativo, a dominante recai sobre o prazer sensorial do paladar. O imaginário que é posto em jogo reenvia para um desejo descontrolado, próprio de um desenvolvimento psicoafectivo em que os sujeitos sucumbem a impulsos primários: as palavras “devorar” e “devore” assinalam esse aspecto. As cores pouco intensas conferem uma conotação muito inteligentemente conseguida, pois sendo tons suaves, fazem passar subliminarmente a ideia de alimento, representada pela imagem e pelo texto que a acompanha. No seu conjunto, o anúncio, ao jogar com o estádio dos desejos simples, diz ao consumidor que ele pode ceder aos seus desejos mais espontâneos de devoração.
A simplicidade da imagem e a estruturação em linha verticais e horizontais favorece a focalização do olhar do potencial consumidor do produto. O que se revela mais interessante, no plano da concepção deste anúncio, é o modo como o apelo a uma dimensão intelectual, racional, é accionada através de um sentido associado ao deleite sensorial, ao prazer puramente físico, transbordante nos seus excessos: incita-se o comprador a “devorar”, a “encher as medidas”, ordena-se, no fim, que “alimente a vontade de saber”. A vastidão do saber que se adquire com a compra do jornal e a consequente leitura do suplemento tem a sua expressão no nome escolhido do “mil Folhas”, que transmite não só a ideia de quantidade, mas também a da variedade, pois as folhas são dedicadas a temas como a música clássica e jazz, livros, arquitectura, design, artes plásticas. Assim, a polissemia da expressão “mil folhas” ocupa um lugar estratégico nesta campanha publicitária. Aqui, poderia também notar-se que a designação “livros” não corresponde a um género artístico, mas a um suporte comunicacional e industrial, o que mostra a extensão das utilizações do livro, não só como arte mas também no mais vasto dos sentidos culturais.
Como o anúncio se destina a publicitar um bem de natureza cultural, e o sistema de comunicação é fechado – é aos leitores do jornal que o anúncio se dirige – , o potencial comprador do produto caracteriza-se por ser um indivíduo de classe média-alta, detentor de um estatuto sociocultural que lhe permite ter interesse cultural e intelectual que perpassa por áreas muito diferentes. Dado tratar-se de um destinatário culto, consumidor de bens culturais, o anúncio evitou as imagens estereotipadas, procurando ainda atingir públicos culturalmente heteróclitos, mas potencialmente interessados no novo suplemento do jornal.
Marketing-Mix
Este anúncio surge num jornal nacional de grande prestígio comercial e cultural, demonstrando por si só um alto nível de qualidade. Este tipo de publicidade surge como algo inovador, demonstrando ter um grande cariz artístico, cativando e apelando o consumidor a desenvolver hábitos de leitura. - Produto
O jornal “O Público” é apelidado como sendo da alta sociedade, ainda que o seu preço seja equilibrado e não desproporcional em relação à concorrência. - Preço
Este jornal é distribuído em todo país e disponibilizado em todos os quiosques, papelarias e pontos de distribuição. - Distribuição
O Público é um jornal que recorre a inúmeras politicas de venda para o promover. Assim sendo, muitas vezes este jornal disponibiliza campanhas de sensibilização para apelar os consumidores a desenvolver hábitos de leitura, a inteirar-se das produções cinematográficas e discográficas, a conhecer um pouco o nosso país com a disponibilização de colecções de obras literárias de autores nacionais e internacionais, de filmes de grande prestigio do mundo do cinema e guias turísticos que proporcionem ao consumidor organizar de uma forma saudável as suas actividades de lazer. – Comunicação e Promoção

nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: Iniciativa e Relações interpessoais entre crianças dos 5 aos 7 anos



Comparando com os anos pré-escolares, as crianças mais velhas têm uma taxa de crescimento muito baixa, que influencia as habilidades coordenativas. Durante os anos escolares, as crianças demonstram possuir um grande desenvolvimento motor. As mais velhas são mais fortes e ágeis, tendo um maior equilíbrio que as mais novas. A participação e cooperação de crianças nos diferentes desportos torna-se cada vez mais real a partir 1970. As crianças que participam em desportos benéficos à saúde, predispõem de um exercício regularizado e desta forma, aprendem a cooperar umas com as outras. A nutrição nestas idades geralmente é feita de forma salutar, pois estas detêm um físico pobre em fibras, denotando-se muitas vezes a obesidade em faixas etárias mais baixas.
Na escola, resolvem-se problemas de lógica, usando operações, que até os próprios adultos utilizam como é evidente. As crianças tornam-se criativas na resolução destes mesmos problemas, pois conseguem mentalmente representar acções e focar uma multiplicidade de dimensões que ajudam a compreender a conservação da massa. Assim passam a seriar e numerar tarefas cada vez mais sofisticadas. As crianças são influenciadas pela família, cultura e por todas as experiências que a rodeiam.
O vocabulário utilizado pelas crianças continua a expandir-se rapidamente, começando mesmo a utilizar frases idiomáticas que não podem ser interpretadas literalmente. Mais tarde, estas começam a entender a linguagem pragmática, desenvolvendo habilidades a fim de manter temas de conversação, fazendo com que compreendam os outros com relativa facilidade. A maior parte das aprendizagens que ocorrem nos anos escolares incidem-se sobre a capacidade de ler e escrever. Os métodos de ensino utilizados variam ao longo dos tempos e muitos educadores recomendam usar a combinação de tarefas.
Para definir e medir a inteligência são usadas formas complexas e controversas. As mais comuns encaixam no chamado teste de QI da Escala de Inteligência de Wechsler que mede a performance da inteligência ao nível do conhecimento verbalizado. Em conjunto com todas estas formas controversas, a inteligência é testada ao nível das bases culturais que delineiam os resultados do QI tal como acontece como alguns grupos étnicos. Variadas concepções alternativas de inteligência foram propostas. A teoria tri-hierarquica de Sternberg descreve três componentes envolvidas nos processos de informação que influenciam a inteligência. Gardner mostrou muitas inteligências sugeridas que são muitas vezes dominadas pelas pessoas mais inteligentes. A criatividade é de difícil acesso. Os testes mais comuns usam componentes verbais e gráficas para medir a fluência, a flexibilidade e originalidade. Os esforços educacionais são focados de modos diferentes para a criatividade ser preponderante nas crianças por meio do encorajamento, usando estratégias especificas e estilos de trabalho.
Nesta faixa etária (entre os 5 anos e os 8/9 anos), as crianças são mais parecidas umas com os outras porque têm uma personalidade estável e interna, denotando-se uma aparência que recorre a mais meios de informação, desenvolvendo os seus talentos, habilidades e interesses. A discriminação de tarefas pode despoletar na criança um nível cognitivo mais alargado com a finalidade de compreender melhor o que a rodeia.
Acreditar nas crianças pode ter um papel activo na nossa própria educação, muitos educadores centram-se nas actividades estudantis a fim de encorajar as mesmas a resolver problemas de racionalidade e criatividade. A educação infantil necessita de ser alterada porque a população estudantil é muito diversificada. Parte da educação muda com a existência de melhores oportunidades para as crianças e providenciam necessidades especiais para algumas delas. As expectativas dos professores em relação aos estudantes influenciam a sua performance, porque os professores não têm bases suficientes, nem programas de treino que possam desenvolver métodos de reconhecimento.
As crianças que necessitam de apoio especial têm a garantia de educação pública gratuita que estabilizam a sua vida de aprendiz. As escolas são obrigadas a ter um papel muito importante na vida das crianças ainda que num ambiente restrito que possui uma alargada taxa de oportunidade. A desordem mental que as crianças demonstram implica o aparecimento de uma atenção deficitária que desencadeia uma hiperactividade perturbadora. Estas crianças além de um baixo nível de atenção, detêm uma impulsividade extrema. Os factores genéticos e ambientais influenciam intrinsecamente o seu desenvolvimento. O comportamento, a nutrição e inoperência dos medicamentos em determinadas doenças condicionam o seu desempenho. Os deficientes mentais têm uma funcionalidade intelectual diminuta, adaptando-se ao meio de uma forma mais induzida. Os retardados são distribuídos em quatro níveis que se identificam pelas suas funcionalidades. Já na altura pré-natal se conhecem as causas deste tipo de deficiências, mas as alterações ambientais podem ser uma das suas causas. As crianças mentalmente retardadas inserem-se em classes especiais, tendo obrigatoriamente direito a uma educação diferente.
Em contrapartida, as crianças sobredotadas podem ter dificuldades de identidade, especialmente os estudantes que se encontram em menoridade inseridas nas classes escolares. Aquelas que se apresentam sobredotadas podem aborrecer-se e ter dificuldades de integração nos parâmetros normais de uma turma. Estas podem ser encorajadas a entrar em escolas especiais, focalizadas em desenvolver os seus talentos. A melhor educação envolve um programa acelerado, onde se evidenciam as bases científicas.
As crianças que crescem num ambiente pobre não se envolvem num potencial desenvolvimento intelectual porque a nutrição é inadequada assim como a saúde é intrinsecamente afectada. As famílias podem deter um suporte importante para a intelectualidade das crianças e o seu talento desenvolve-se com sessões práticas de supervisionamento, e uma forte estimulação intelectual e educacional. A cultura das famílias influencia em grande parte os valores culturais dos seus descendentes.
A terceira infância está marcada por um período dispare de desenvolvimento. Nesta faixa etária assumem-se novos papéis e adquirem-se novas capacidades muito mais complexas em diversos ambientes, preenchendo as mais elevadas expectativas dos adultos. Muitas destas expectativas manipulam o comportamento das crianças, alterando aspectos sociais e morais. Na terceira infância, quando a criança entra na escola, fazem novos contactos com parceiros mais velhos e mais novos, distanciando-se dos adultos. Os novos ambientes e interacções têm maiores efeitos do desenvolvimento intelectual, social e infantil. Muitas crianças atingem níveis de sucesso elevados.
Durante a idade escolar as crianças encontram a sua performance na inter-relação com os outros. Estas crianças são avaliadas pelos professores, e assim os seus pais tomam conhecimento da sua performance e comportamento no recinto escolar. Os testes, os trabalhos de casa e as novas aprendizagens tomam a maior parte do seu tempo, adquirindo desta forma recursos adicionais de comparação entre os seus colegas. Nesta faixa etária, as crianças formam novos amigos e surgem os chamados inimigos. Muitos destas mudanças e stresses não estavam presentes antes das crianças entrarem na escola. Na terceira infância, as crianças têm que desenvolver novas estratégias de coping de acordo com o stresse implementado pelas alterações do meio ambiente socio-afectivo. Muitas crianças vêem estas transformações de forma saudável, utilizando as estratégias de coping de modo adequado, reajustando as suas tarefas de acordo com o tempo disponível.



Bee H. (2000. 9th ed.) The Developing Child. London: Allyn and Bacon.

Berk L. (2000. 5th ed.) Child Development. Boston: Allyn and Bacon.

Berk L. (2002. 4th ed.) Infants and Children. Boston: Allyn & Bacon.

Palacios J., Marchesi A., Coll C. (2001. 2ª ed.) Desarrollo psicológico y educación. Psicología evolutiva. Madrid: Alianza Edit.




nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: Iniciativa e Relações interpessoais entre crianças dos 3 aos 5 anos

Durante os anos pré-escolares (3 – 5/6 anos), o mundo social da criança revela-se repleto de oportunidades onde a aprendizagem social é feita através de relações sociais, sentimentos dos outros e emoções próprias. Isto acontece devido à existência de um leque diversificado de novas situações, pessoas e ambientes que a criança passa a dispor.
Com o desenvolvimento cognitivo, as crianças passam a ter uma nova visão do mundo social que as rodeia. Nesta altura, existem mudanças significativas na consciência da criança, bem como na imagem que estas têm de si mesmas. Conforme o modo como as crianças assimilaram e acomodaram as informações provenientes de experiências anteriores, algumas tendem a ver-se a si próprias como activas, independentes e persistentes. Por outro lado, estas mudanças também podem conduzir a uma visão negativa delas próprias (incerteza, fracasso).
Apesar de ser por volta do segundo ano de vida que a maior parte das crianças desenvolve um auto-conceito “rudimentar”, é aos 3 anos que o mesmo sofre importantes avanços. Assim, se anteriormente estas possuíam a noção de que tinham características diferentes de outras crianças (identificavam-se ao espelho, distinguiam-se dos demais), por esta altura já conseguem descrever-se em termos gerais, evidenciando características físicas (“Sou rápido”), em detrimento de características psicológicas (“Sou amável”). Este facto leva a que as crianças generalizem as suas capacidades, ou seja, pensam que, se são boas a desenhar, também são igualmente boas a montar um puzzle. Contudo, crianças por volta dos 4 anos já são capazes de diferenciar estes aspectos (Measelle, Ablow, Cowan, & Cowan, 1998). Assim como as crianças desenvolvem um auto-conceito, também desenvolvem uma auto-estima. Estes dois conceitos estão directamente ligados. Deste modo, se uma criança tende a ter uma auto-estima elevada normalmente possui sentimentos positivos em relação em si própria. Se, pelo contrário, uma criança tem uma baixa auto-estima, desenvolve sentimentos negativos acerca de si própria (tristeza, timidez). Uma baixa ou elevada auto-estima depende da relação que as crianças têm com os pais, com os grupos de pares, as condições sociais e culturais, a sua aparência física e as suas experiências. Em relação aos grupos de pares, as crianças com boas relações sociais com outras desenvolvem um auto-conceito positivo e, consequentemente, uma auto-estima positiva. Ser aceite pelas outras crianças é importante para que nos sintamos amados e queridos, e no caso das crianças em idade pré-escolar esta aceitação fornece um suporte social essencial, em relação ao afecto. Por outro lado, as crianças que são rejeitadas pelos grupos de pares tendem a desenvolver dúvidas acerca da sua capacidade de se relacionarem com outras, conduzindo-as à agressão, a um estado de privação e, consequentemente, a uma baixa auto-estima (Asendorpf & Van Aken, 1994; Egan & Perry, 1998; Hartup, 1996).
Para compreendermos melhor o mundo social da criança, é preciso falarmos de um aspecto intrínseco a esta: as emoções. À medida que a criança se depara com diferentes situações, pessoas e ambientes, as suas emoções tornam-se mais complexas e conscientes, quer em relação a si própria quer em relação aos outros. Dada a complexidade das relações sociais, a criança defronta-se com novas emoções: raiva, frustração, agressão. Assim, se as crianças enfrentam novas relações sociais, estão mais vulneráveis a entrar em conflito com outras crianças, e dependendo do mesmo as respostas a este serão diferentes. Á medida que os anos vão passando, as crianças aprendem a resolver os conflitos de forma a não perturbar os outros.
Acções como ajudar, partilhar e a noção de responsabilidade surgem relativamente cedo. Por volta dos 2/3 anos, as crianças já são capazes de partilhar brinquedos e alimentos com os outros, não só com os familiares, mas também com os grupos de pares. De facto, à medida que a criança se desenvolve e as relações sociais alargam, o mundo social desta tende a estender-se a outros membros que não apenas a sua família. Em face disto, as outras crianças vão ganhando cada vez mais importância. Sabe-se até que cerca de 50% das relações sociais da criança envolvem outras crianças (Grusec & Lytton, 1998). Os grupos de pares tendem, no geral, a ter as mesmas características. Como é óbvio, as relações familiares diferem muito destas novas relações que a criança passa a dispor, e nestes parâmetros, a própria criança passa a escolher os seus pares baseando-se em actividades que se tornam mutuamente vantajosas, como é o caso de dar e receber. Para além disso, a criança pode aprender no seu círculo social novas aptidões que não aprenderia num ambiente familiar, como é o caso da cooperação, da reciprocidade, a competição, a mentira, a luta., etc. Todavia, é no seio da família que se pode também encontrar os grupos de pares, como é o caso de irmãos ou irmãs, de idades semelhantes ou até mais novos. A chegada destes irmãos mais novos, por vezes, pode não ser assim tão fácil para a criança. Por vezes, tem efeitos negativos sobre o filho mais velho. Isto acontece devido a uma limitada compreensão da sua relação com o bebé. Este facto pode causar um aumento de sentimentos de agressão, frustração e dependência (Teti, 1992). Contudo, isto normalmente acontece com crianças de 3 e menos anos. A partir desta idade, a criança já entende a chegada do novo membro da família e tornam-se cada vez mais interessadas no novo rebento (Brown & Dunn, 1992) e passam a cooperar, colaborar e brincar com mais frequência.
A amizade entre as crianças faz com que as suas apetências se desenvolvam tais como, a capacidade de resolver conflitos, de estabelecer um pilar importante para a construção de futuras relações. A amizade consiste em estabelecer laços emocionais mútuos, que fazem com que a criança aprenda a controlar as suas emoções e a responder às emoções dos outros (Parker & Gottman, 1989).
Durante a idade pré-escolar a criança aprende a diferenciar os seus verdadeiros amigos, dos colegas de brincadeira, e a amizade torna-se uma base para muitas das decisões evocadas nas interacções sociais (Howes, 1989).
Assim, a qualidade destas relações entre os grupos de pares influenciam significativamente o desenvolvimento da criança. Quem possui relações pobres tem maiores probabilidades de desenvolver problemas psicológicos e comportamentais, que podem levar ao insucesso escolar e à delinquência ( Parker & Asher, 1987)

Bee H. (2000. 9th ed.) The Developing Child. London: Allyn and Bacon.

Berk L. (2000. 5th ed.) Child Development. Boston: Allyn and Bacon.

Berk L. (2002. 4th ed.) Infants and Children. Boston: Allyn & Bacon.

Palacios J., Marchesi A., Coll C. (2001. 2ª ed.) Desarrollo psicológico y educación. Psicología evolutiva. Madrid: Alianza Edit.


nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: Desenvolvimento Social da Criança entre os 0 e os 3 anos


Como seres sociais que somos necessitamos dos outros para sobrevivermos em sociedade, de tal modo que, criamos laços por influência de estados emocionais.
Apesar desta necessidade acreditou-se, por muitos anos, que os recém-nascidos expressavam a excitação geral como único estado emocional (as outras emoções só se desenvolveriam mais tarde e o estabelecimento de relações mais coesas seria insignificante com a ausência de aprendizagem de outro tipo de emoções).
Porém, na actualidade, acredita-se que alguns estados emocionais básicos são inatos e os restantes desenvolvem-se ao longo dos primeiros 12 meses de vida. O bebé com alguns meses de vida já consegue expressar afeição e aborrecimento, possuindo por fim a capacidade de estabelecer relações e adaptar-se ao ambiente que o rodeia. Todas estas capacidades permitem-lhes um mais largo “espectro de acção” sobre os adultos, possibilitando à criança chamar e manter a atenção dos pais (agentes de socialização primários).
Assim existem inúmeras emoções, que nos vão assolando ao longo da vida, mas a forma de exprimi-las limita-se a alguns trejeitos musculares, principalmente do rosto (o erguer do sobrolho, o enrugar da testa, o "beicinho" que as crianças tanto usam para conseguir alguma coisa que querem, etc...) O sorriso e o choro são as expressões mais usadas para expressar sentimentos e emoções.
Nos lactentes o choro é um reflexo que resulta de uma resposta normal e involuntária a um estímulo. As crianças mais velhas e os adultos choram por razões emocionais, tais como a dor, o medo, a tristeza, ou a vergonha. O choro é a primeira forma de comunicação verbal do bebé e pode ser interpretado como uma mensagem de urgência ou angústia.
Os bebés podem chorar muito nos primeiros meses de vida, mas desconhece-se a razão pela qual o fazem, mas muitas pessoas acreditam que o pode ser um reflexo do desenvolvimento normal do sistema nervoso central.
O choro na infância resulta mais de um mal-estar físico do que de sentimentos de tristeza. Apesar de não ser um factor que proporcione muitas interacções, o choro é importante no desenvolvimento da criança e dos laços que a unem aos pais.


« - Quando estás a escrever a lista dos milagres da vida, deves escrever entre os mais importantes o primeiro momento que o teu bebé sorri para ti....(...)As noites sem dormir, as preocupações, os choros... e de repente tudo isto valeu a pena...(...)»


Este é o relato de Bob Greene (numa entrevista de Bob Greene, a um jornal, sobre Amanda de 7 semanas de idade, 1984, pp. 33-34), um pai “babado”, para quem o sorriso da filha vale por tudo.
O sorriso é dos aspectos mais importantes do desenvolvimento emocional e social, (nos primeiros seis meses de vida da criança) reforçando a vinculação aos pais, desenvolvendo-se por meio de uma série de mudanças maturacionais. Assim, com poucas semanas os recém-nascidos apresentam ligeiros trejeitos nos cantos da boca, (relativos a alterações no sistema nervoso) identificáveis como sorriso (ocorrem normalmente durante o sono) – sorriso endogénio. Com duas ou três semanas o sorriso torna-se mais «aberto» e envolve mais músculos da cara, como consequência da estimulação externa, como festinhas – sorriso exogénio.
Pelas 6 a 8 semanas o sorriso patente em conformidade com a presença dos pais, demonstra ser um sorriso «largo», envolvendo toda a cara – sorriso social.
Ao longo do seu desenvolvimento o riso torna-se numa gargalhada. O riso é mutuamente um reforço e uma forma de trazer sentimentos positivos entre o bebé e os outros seres sociais. As interacções sociais não se esgotam nas emoções que dão sentido às inter-relações. As interacções entre crianças e adultos são primordiais no desenvolvimento infantil.
A brincadeira é o veículo primário para o desenvolvimento das inter-relações. A brincadeira é uma catapulta para muitas das respostas emocionais nas crianças pequenas, possibilitando-lhes uma oportunidade de experimentar as emoções, de aprender sobre o mundo em seu redor, de se aperceber dos sentimentos e emoções dos outros, e agir de acordo com estes. Mas as brincadeiras não ocorrem antes dos dois primeiros anos de vida. Nesta faixa etária, as crianças mudam de respostas sensório-motoras, tais como correr ou bater com um martelo de madeira, para brincadeiras mais simbólicas e solitárias, como fazer de conta que está a dirigir um carro ou trocar as fraldas de uma boneca
Assim as primeiras brincadeiras do bebé são muito egocêntricas envolvendo, maioritariamente, movimentos descoordenados dos vários membros. Assim, à medida que a criança vai tendo mais controle do seu corpo, explora mais ao nível do conhecimento das diversas partes do corpo como instrumentos úteis ao seu dispor para exercer acções sob objectos exteriores. Ainda assim, a brincadeira não proporciona muitos momentos de "comunicação".
As interacções criança – criança não acontecem ainda nesta fase devido a certos factores como: a inexistência de coordenação motora, de comunicação verbal, de centralidade cognitiva e descentralização.
Aos doze meses, as crianças interagir com os outros, e já que a sua natureza se torna egocêntrica e impulsiva, as suas relações demonstram ser intensas emocionalmente, conduzindo-as, muitas vezes a actos de agressividade. Mas estas respostas negativas ajudam-nas a compreender o seu mundo emocional, dando-lhes a oportunidade de ganhar auto-controlo ao nível sentimentos negativos.
Com ano e meio, as crianças demonstram mais interesse por brinquedos e objectos do que pelos que a rodeiam, apesar de já reconhecerem o seu próprio “eu” e os outros como seres independentes.
Embora não mostrem interesse umas pelas outras muitas vezes aproximam-se e imitam-se mutuamente, trocando sorrisos, abraços, carinho e afecto.
Após os dois anos, as interacções sociais entre crianças tornam-se mais positivas e primordiais, dando início aos processos de cooperação, de modo a fornecer um ambiente propício à manutenção das relações sociais (amizades). Ao fim dos 3 anos a criança já é capaz de interagir, tanto com o seu grupo de pares como com pessoas de outras faixas etárias.

Nº23192 - Zara Vilhena Mesquita




Bee H. (2000. 9th ed.) The Developing Child. London: Allyn and Bacon.

Berk L. (2000. 5th ed.) Child Development. Boston: Allyn and Bacon.

Berk L. (2002. 4th ed.) Infants and Children. Boston: Allyn & Bacon.

Palacios J., Marchesi A., Coll C. (2001. 2ª ed.) Desarrollo psicológico y educación. Psicología evolutiva. Madrid: Alianza Edit.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

sábado, 28 de novembro de 2009

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

NEUROPSICOLOGIA: Social reasoning, emotion and empathy in frontotemporal dementia

Introdução

Os desvios comportamentais ao nível das competências interpessoais são uma característica das Demências Fronto-temporais, de entre as quais se destacam a desinibição e os défices no reflexo empático. Um ponto-chave referido pelos investigadores coaduna-se com a chamada Teoria da Mente (TOM) que foca a cognição social como uma capacidade de inferir, percepcionar os estados mentais, pensamentos e sentimentos daqueles que nos rodeiam.
Gregory et al. (2002) propuseram que a avaliação do desempenho da tarefa na Teoria da Mente em pacientes com Demência Fronto-temporal pode ser relevante para averiguar a génese das mudanças nas interacções sociais destes doentes, podendo até mesmo diagnostica-la de forma mais fidedigna.
Essa hipótese é suportada por uma investigação onde se comparavam três grupos de pacientes: um apresentava Demência Fronto-Temporal, outro sofria de Alzheimer e um grupo de controlo. Desta investigação, concluiu-se que o grupo de doentes (Demência Fronto-Temporal e Alzheimer) teve um desempenho mais fraco nas tarefas da Teoria da Mente.
Por conseguinte, Gregory et al. sugeriram outra tarefa que envolvia o reconhecimento de emoções complexas, e não de simples estados emocionais. Constatou-se que, o reconhecimento de expressões emocionais em faces e vozes estava afectado nos doentes que sofriam de Demência Fronto-temporal.
Assim, alguns investigadores delinearam uma distinção entre diferentes aspectos da cognição social, particularmente entre a representação de um estado mental e a reprodução de estados emocionais ou a resposta a estes.
Este estudo tinha como principal objectivo formar uma perspectiva em relação aos défices na cognição social em pacientes com Demência Fronto-Temporal, explorando-se a relação existente entre os défices na Teoria da Mente, o processamento de normas sociais, a receptividade emocional, e a capacidade para sentir empatia e raciocinar moralmente.
Os investigadores usaram vários testes para averiguar possíveis associações entre défices sociais e Demências Fronto-Temporais.
A hipótese formulada pelos autores defendia que os pacientes que sofressem de Demência Fronto-Temporal mostrariam défices na Teoria da Mente, no reconhecimento de emoções e também no reflexo empático.

Metodologia

Amostra:

Neste estudo, a amostra era composta por 31 participantes divididos em 2 grupos heterogéneos. Um grupo de pacientes com Demência Fronto-Temporal composto por 18 participantes (16 homens e 2 mulheres), com idades compreendidas entre os 47 e os 74 anos. Um grupo de controlo constituído por 13 sujeitos (9 homens e 4 mulheres), com idades compreendidas entre os 43 e 75 anos. Destes grupos foram obtidos exames neurológicos através de métodos de neuroimagem estruturais (CT ou MRI) em todos os casos para se poderem excluir outras causas de demência.
Neste estudo, foram excluídos os sujeitos que apresentavam queixas em relação à linguagem ou deficiência semântica, pois estes factores poderiam interferir nos resultados da investigação, já que esses mesmos sujeitos iriam demonstrar uma má compreensão daquilo que lhes seria pedido.

Instrumentos:

Na teoria da mente e tarefas de raciocínio social foram avaliados 3 aspectos da cognição social: a capacidade para descrever os estados mentais internos dos outros; a capacidade para avaliar a adequação de certos comportamentos em diferentes contextos sociais e a sensibilidade para regras/normas sociais
Existiam duas tarefas da teoria da mente (Teoria dos Desenhos Mentais; Histórias da Teoria da Mente). A Teoria dos Desenhos Mentais que se constituía por duas séries de cartoons cómicos: uma série de cartoons com interpretação física e outra de explanação com recurso à Teorias da Mente. Nesta tarefa, pressupõe-se que paciente deve explicar o cartoon. As Histórias da Teoria da Mente constituíam-se por 16 histórias: oito das histórias requeriam capacidades intrínsecas à Teoria da Mente e as outras oito histórias exigiam uma explicação física. Os participantes tinham de expor os motivos pelos quais as personagens das histórias se comportavam daquela forma numa determinada situação social.
Para além, das tarefas intrínsecas à Teoria da Mente, existiam as que estavam correlacionadas com as competências sociais, com o reconhecimento de emoções, com os reflexos empáticos e com a capacidade de execução.
Na tarefa de distinção entre o moral e o convencional estabeleceu-se a distinção entre normas morais e convencionais através da exibição ao sujeito de oito cenários contendo transgressões morais e outros oito contendo transgressões convencionais. Nesta tarefa eram apresentadas quatro questões para aceder à distinção entre moral e convencional. Por fim, os pacientes propunham-se a classificar a seriedade da transgressão.
Na tarefa de situações sociais investigava-se a capacidade do paciente para julgar a adequação de certos comportamentos a determinadas situações, para os quais não existem proibições, mas que não são considerados correctos. Apresentavam-se nove histórias, cada uma incorporando comportamentos tanto normativos como transgressivos. Em vários momentos de cada história, era solicitado ao paciente um comentário acerca da adequação do comportamento da personagem à situação.
Na tarefa de processamento de emoções em expressões faciais era pedido o reconhecimento de 6 expressões faciais de emoção: surpresa, felicidade, raiva, aversão, tristeza e medo. Aos participantes eram apresentadas imagens numa sequência que começava numa expressão neutra e acabava na expressão total de uma emoção, de forma a solicitar-lhes a nomeação da emoção alvo o mais depressa possível.
Na avaliação da empatia, foram administradas duas versões do Índice de Reactividade Interpessoal (IRI) a um parente de cada participante doente com Demência Fronto-Temporal. Na primeira versão, era pedido ao parente do paciente para cotar numa escala a intensidade com que cada afirmação se relacionava com o paciente antes do surgimento da doença. Na segunda versão, era repetido o mesmo procedimento. Contudo, desta vez, o parente tinha que cotar as afirmações de acordo com o estado actual do paciente. Desta forma, podiam-se detectar quaisquer mudanças na empatia do paciente.
Nas tarefas frontais/executivas usaram-se os seguintes instrumentos: teste de Hayling e Brixton. No teste de Hayling, os sujeitos tinham que completar várias frases com palavras tanto previsíveis ou não com as mesmas. Ambas as condições se destinavam a medir a iniciativa ou inibição, respectivamente. No teste de Brixton, os sujeitos desempenhariam uma tarefa de detecção de regras espaciais que visa testar a capacidade para descobrir e adaptar-se às regras numa série de estímulos.

Resultados:

De acordo com a investigação, o grupo de doentes com demência Fronto-Temporal teve um desempenho inferior ao do grupo de controlo tanto na tarefa de Hayling como na tarefa de Brixton. Verificou-se uma maior diferença de desempenho entre grupos na tarefa de Hayling, e por conseguinte, a pontuação obtida nesse teste fora usada como co-variável na análise dos resultados.
No que concerne à tarefa dos cartoons, os pacientes com Demência Fronto-Temporal revelaram uma maior dificuldade em relação ao grupo de controlo, principalmente naqueles cartoons relacionados com a Teoria da Mente. Os participantes com pontuações mais baixas no teste de Hayling tiveram também um pior desempenho na tarefa dos cartoons, verificando-se uma relação significativa entre os resultados obtidos nestas duas tarefas. Contudo, esta correspondência dizia apenas respeito à capacidade de processar os cartoons e não aos processos específicos envolvidos na representação dos estados emocionais dos outros. A análise dos resultados do teste de Brixton usada como co-variável mostrou resultados idênticos.
Nas histórias da Teoria da Mente, não existiram diferenças significativas entre os grupos. Porém, tanto o teste de Hayling como o de Brixton possuíam uma forte correlação com o desempenho dos pacientes com Demência Fronto-Temporal na compreensão das questões na tarefa. Mais uma vez, os participantes com pontuações mais baixas nesses dois testes (Hayling e Brixton) apresentaram um pior desempenho na tarefa das histórias.
Nas tarefas da distinção entre moral e convencional não existiram diferenças significativas entre grupos. Contudo, existia um efeito significativo nos resultados relativamente ao tipo de transgressão: as transgressões morais eram julgadas como menos permissíveis do que as convencionais, isto no grupo de controlo, já que estes dois conceitos apenas forma analisados em termos de permissividade. No julgamento quanto à seriedade, as transgressões morais foram julgadas mais graves que as convencionais, também presentes no grupo de controlo. Observou-se ainda uma interacção significativa entre os resultados das co-variáveis no teste de Hayling e Brixton e o tipo de transgressão cometida.
Na tarefa das Situações Sociais, os resultados demonstraram que os pacientes com Demência Fronto-Temporal estão significativamente menos aptos a identificar as violações das normas do que o grupo de controlo.
Na tarefa do reconhecimento das emoções nas expressões faciais, não se encontraram resultados significativos. Apesar disso, os pacientes com Demência Fronto-Temporal mostraram alguns problemas no que se refere ao reconhecimento de emoções, tais como reconhecimento de expressões faciais de raiva e aversão.
Por último, na tarefa de Índice de Reactividade Interpessoal (IRI), os resultados indicaram um decréscimo significativo na avaliação do interesse empático e na tomada de perspectiva, ao longo do tempo.

Discussão:

Neste estudo, foram confirmados os resultados obtidos em investigações anteriores, já que foi demonstrado que existe nos pacientes com Demência Fronto-Temporal desempenho deficitário nas tarefas da Teoria da Mente. Estes pacientes, também revelaram défices noutros aspectos da cognição social, tais como no raciocínio moral, no processamento de emoções e na empatia. É importante referenciar que estes doentes demonstravam incapacidade para integrar o conhecimento social com as suas conotações afectivas (nos resultados do raciocínio moral e convencional) e revelavam alterações empáticas em relação às avaliações efectuadas pelos parentes no IRI (empatia).
Os investigadores usaram a pontuação da tarefa de Hayling como co-variável, já que a mesma tarefa revelava uma maior diferença entre grupos, inferindo-se até mesmo que a função executiva mediava o desempenho nas tarefas da Teoria da Mente.
Segundo as conclusões deste estudo, os pacientes apresentavam dificuldades na tarefa moral/convencional e nas situações sociais.
Nos pacientes com Demência Fronto-Temporal as normas sociais do comportamento estavam intactas. Contudo, mostraram dificuldades na capacidade para detectar violações dessas normas devido ao seu raciocínio moral irregular assim como na representação dos estados mentais dos outros e na sua correspondência emocional.
Estes doentes também apresentavam dificuldades no processamento de emoções e reconhecimento de emoções em expressões faciais, principalmente raiva e aversão para além das dificuldades na interacção social devido a uma incapacidade para perceber os estados mentais alheios e também devido à sua inaptidão em moldarem as suas interacções sociais através de deixas não verbais e emocionais.
Por último, é importante referir que estes doentes apresentam empatia reduzida, demonstrada através da quase inexistência de interesse empático e tomada de consciência em relação à fase pré-morbida (cotações dadas por parentes).
Torna-se pertinente referir que os resultados dos testes da Teoria Mental, da Regulação Emocional, do Julgamento de Normas Sociais e da Empatia evidenciam um distúrbio a nível do comportamento social nestes pacientes. Estes testes poderão ser mais sensíveis aos danos causados pela Demência do que outros tipos de teste, tal como as baterias de testes neuropsicológicos.
Como limitações ao estudo, pressupõe-se que não existiram técnicas de imagem, logo não foi possível associar directamente uma determinada área cerebral à cognição social alterada destes pacientes. No entanto, estudos efectuados anteriormente associam as capacidades sociais às áreas frontais (áreas afectadas nos pacientes com Demência Fronto-Temporal). Outra limitação impõe-se no facto dos investigadores não utilizarem na sua amostra pacientes que sofriam de outro tipo de Demência, pois teria sido pertinente averiguar se as dificuldades referidas são exclusivamente típicas da Demência Fronto-temporal.
Em futuras investigações, deveriam incluir-se na amostra doentes com outro tipo de Demência, para além de tentar replicar a dinâmica real implícita nas interacções sociais, experimentando métodos de testagem mais “ecológicos” que deveriam ter como fim a variação paramétrica de aspectos da Teoria da Mente numa tentativa de compreender melhor esta capacidade. Para além destas, também em futuras investigações há que tentar incluir uma ampla série de medidas das funções executivas com o objectivo de caracterizar melhor a natureza deste défice no funcionamento social assim como, evidenciar correlações com atrofias cerebrais de certas áreas iria validar as bases neuronais da cognição social.

Bibliografia:

Lough, S., Kipps, C.M., Treise C., Watson, P., Blair, J.M. & Hodges, J. R. (2006). Social reasoning, emotion and empathy in frontotemporal dementia. Neuropsychologia 44, 950-958.

nº23192 - Zara Vilhena Mesquita

A Bad Dream - Keane

A beleza dos sentimentos

Não sei definir o que sinto....apenas sinto tudo....Sorrir para um horizonte como o nosso, não é apenas sorrir....será talvez pintar. Pintar uma tela não é simples, mas nesta vida nada é simples...a imperfeição e a pureza dos sentimentos não podem ser descritos em palavras perfeitas e com sentido. A beleza do amor está na pureza dos afectos e na transversalidade dos sentimentos que se cruzam e entrecruzam entre paradigmas nunca antes experimentados. Se conhecesse o lado dos outros de uma forma transparente, tudo seria mais fácil e perdia, por sua vez, o brilho de querer lutar por um cantinho onde reine a felicidade.
Se tentar correlacionar o amor com a felicidade chegarei a um nível de significância de 99 % ou de 95%? Talvez....Depende da análise factorial que se borilar...Então se apenas decifrar a felicidade assim: o que há de mais pequenino na vida pode ser o nosso cantinho mais feliz, ou por outro lado, o que reside em cada ser humano seja puro ou menos puro pode ser o nosso grande caminho de felicidade...
Nada é tão mais tranquilo do que encontrar um caminho onde nos sentimos que ali somos felizes....

Último passo

Olhando pela janela vejo o escuro das nuvens que teimam em permanecer neste estranho outono mas tudo se torna mais claro quando há uns leves rasgos de luz no horizonte. Aqui.... por entre os rasgos de luz permaneço com a esperança de ver o meu olhar repousar de tão complexos momentos de trabalho.
Sonho com o dia em que tudo irá desvanecer, as aves irão dormir, o céu irá irradiar-se de cores e luz, o mar revolto irá tornar-se manso e nada irá ser tão mais belo do que dizer isto: "acabei uma meta e agora quero descansar".
Um fim de uma meta é sempre o fim de uma meta.....enfim, nada mais a declarar....por agora digo apenas a palavra: trabalhar no último passo de uma apenas licenciatura

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Saudades de ti.....




Gosto de ti, como as águas salgadas que alcançam a areia pura e doce que passeia por nós, quando nada mais há a dizer....apenas algo se semeia e cresce nos nossos corações....uma palavra só em mim e em ti -----AMOR

Amo-te....
da tua Zara Ramalho

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

2º Passo...de uma longa caminhada



O amor é como uma pauta de música....dura....dura...e dura ao som das notas musicais....i love you

domingo, 25 de outubro de 2009

Loucura do Amor

"Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura"

Nietzsche , Friedrich, "Assim falava Zaratustra"

Politica mediocre

"O drama da nossa política é que as pessoas de valor não se querem misturar com os medíocres e acabamos por só ficar com estes últimos. "
Ricardo Reis

A Fonte da Felicidade Reside Dentro de Nós

O hábito de me recolher a mim mesmo acabou por me tornar imune aos males que me acossam, e quase me fez perder a memória deles. Desse modo, aprendi com base na minha própria experiência que a fonte da felicidade reside dentro de nós e que não está no poder dos homens fazer com que fique realmente desgostosa uma pessoa determinada a ser feliz. Por quatro ou cinco anos desfrutei regularmente de alegrias interiores que almas gentis e afectuosas encontram numa vida de contemplação.

Jean-Jacques Rousseau, in 'Devaneios de um Caminhante Solitário'

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

"A Noiva Judia"

"Costumava forçar-se a chorar antes de chegar a casa, depois de estar com seu amante. Olhava-se no espelho do elevador e dizia a si própria baixinho que o tempo lhe havia de roubar toda a beleza."


Pedro Paixão, A Noiva Judia

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Democracia

Democracia: "um conjunto de regras (primárias ou fundamentais) que estabelecem quem está autorizado a tomar as decisões colectivas e com que procedimentos" (Bobbio, 1884, p. 30).

Bobbio, N. (1984), O Futuro da Democracia, Paz e Guerra, S. Paulo.



"a democracia é a única forma de regime cuja legitimação implica necessariamente a comunicação" (Blumer, 1987, p.169)

Coldplay - Don´t Panic

Para ti....o nosso mundo pequenino num coração cheio de emoções....

PSICOLOGIA SOCIAL: Altruismo



Resumo:

O presente estudo foi elaborado com o intuito de verificar se o estado de humor do indivíduo influencia a sua predisposição para ser altruísta. Para esta investigação utilizamos uma amostra de 63 estudantes dos cursos de psicologia e sociologia da UALG com idades compreendidas entre os 17 e os 45 anos. Foram aplicados questionários para avaliar o nível de altruísmo.
Os principais resultados obtidos revelaram que os participantes não obtiveram diferenças significativas nos níveis de altruísmo ao experimentar diferentes estados de humor.
Neste estudo pretendemos averiguar se através da infusão de emoções é possível influenciar a intenção/comportamento altruísta do indivíduo, utilizando um texto que induziria emoções positivas e negativas.

Enquadramento Teórico:

Este estudo foi realizado com base nos pressupostos teóricos que defendem o facto de o altruísmo poder ser influenciado pelo estado de humor do indivíduo. Para compreender este fenómeno é preciso perceber o que é o altruísmo.
O altruísmo é um comportamento que visa beneficiar o outro mas que não beneficia directamente o indivíduo por ele responsável. Pode por vezes envolver custos e é realizado sem expectativas de recompensa. Esta predisposição para ajudar o outro manifesta-se de diferentes formas consoante o indivíduo e as circunstâncias. Assim, um dos factores que pode influenciar o altruísmo dos individuos é o seu estado de humor.
As pesquisas mostraram que os individuos que se sentem bem estão muito mais disponíveis para ajudar alguém que precise do que os individuos que se sentem mal. Quando os individuos se sentem bem, estão menos preocupados com eles próprios e estão mais sensíveis às necessidades e problemas dos outros. (Isen & Stakler, 1982) Em contraste, os individuos que se sentem mal, tristes ou deprimidos focalizam-se em si próprios. Concentram-se nos seus próprios problemas; assim, estão menos preocupados com o bem-estar dos outros e são menos altruístas.
Hornstein (1982) afirma que as boas notícias facilitam o acesso a cognições positivas em relação a várias actividades, incluindo ajudar, o que vai levar a um aumento do comportamento altruísta. Por oposição, Hornstein (1982) afirmou também que ouvir más noticias tornarão mais acessíveis as cognições negativas o que vai diminuir a predisposição para ser altruísta. Hornstein, LaKind, Frankel e Manne, (1976) providenciaram várias evidências consistentes com essas afirmações.
Conclui-se portanto que as emoções podem influenciar a predisposição do individuo para ser altruista.


Estudo Empírico

Tendo em conta estes pressupostos teóricos criamos a seguinte hipótese:
Os participantes das condições de Humor positivo apresentam um valor superior nas respostas de intenção altruísta em relação aos participantes de condição de humor negativo.


Método

Design e amostra

O estudo baseou-se numa variável independente manipulada em função de três condições: humor positivo, humor negativo e neutro. Num total 63 participantes tendo a condição positiva 24, a negativa 23 e a neutra 16.

Participantes

Participaram no estudo 63 estudantes do sexo feminino do 1º e 2º ano dos cursos de Sociologia e Psicologia. A cada sujeito era atribuída de forma aleatória, uma de três condições: humor positivo (24 participantes), humor negativo (23 sujeitos) e apenas no 2º ano de Psicologia se aplicou a condição de controlo (16 sujeitos).
Foi decidido que o questionário seria apenas passado a sujeitos do sexo feminino destes cursos/anos para que alguma destas variáveis não tivesse influência nos resultados (variáveis de controlo).
A média de idade dos participantes foi de 22,13 anos sendo o mínimo 17, o máximo 45 e o desvio-padrão 5,942.

Procedimento

Mediante a autorização dos professores, os questionários foram passados nas salas de aula.
Fez-se uma breve introdução em que se frisou ligeiramente o objectivo do estudo, pedindo-se aos participantes que lessem atentamente um texto e respondessem aos questionários. Assegurou-se a confidencialidade dos dados. Quando todos os participantes tivessem terminado, era feito o debriefing, em que se explicava aos participantes o verdadeiro objectivo do estudo. Agradecemos então a colaboração dos mesmos.

Instrumentos

Para a recolha de dados, foi utilizado um questionário que continha 43 afirmações sobre as quais os participantes deviam identificar, numa escala de Lickert, o grau de concordância em relação a essa afirmação.
Foram também utilizados dois tipos de texto (excepto na condição neutra em que não era apresentado nenhum texto): um positivo e outro negativo. Estes textos foram usados com o intuito de despertar no sujeito um certo tipo de humor, relacionado com o mesmo texto.

Apresentação e Análise dos Resultados:

Os resultados obtidos permitiram concluir que o tipo de texto apresentado induziu o humor pretendido, já que, F (1,44) = 53.580, p=.000. Resultados estes, que foram retirados da análise dos dados elaborada no SPSS.
A média das respostas à pergunta relacionada com o nível de satisfação após o texto foi de 2.95 na condição negativa (desvio-padrão = 1.526) e 7.35 na condição positiva (desvio-padrão = 2.420).
No entanto, não foram encontradas diferenças significativas entre as três condições (positiva, negativa e neutra) na forma como os sujeitos responderam as perguntas do questionário. [t (4,814) = -.241 , p = .820)].
Tentou-se por isso, ver quais as perguntas com maior consistência e estas últimas foram reunidas em dois grupos diferentes, pois tinham um alfa de Cronbach elevado. O primeiro grupo de perguntas composto por 5 itens tinha um alfa Cronbach de .832. O segundo grupo composto por 6 itens tinha um alfa de Cronbach de .734. Procedeu-se deste modo de forma a que as diferenças se revelariam significativas.
Apesar disso, a única diferença significativa que se constatou foi a nível do segundo grupo de perguntas entre a condição neutra e a negativa, (p = .014).
Ao contrário do que era previsto, na condição negativa os participantes obtiveram valores superiores na média das respostas.

Discussão

As emoções não interferem no altruísmo dos indivíduos. Apesar de na condição negativa se observarem valores superiores nas médias de resposta, esses valores só foram significativos em relação à condição neutra e tendo apenas como base, o segundo grupo de perguntas.
Assim sendo,a nossa hipótese não se verificou.
Os resultados encontrados podem dever-se a vários factores, entre os quais o facto do questionário não medir efectivamente o altruísmo.
Além disso, uma vez que o altruísmo pode ser um traço estável da personalidade, é difícil conseguir alterar esse traço através da infusão de emoções.
Pode também apontar-se como outro factor a desejabilidade social, visto que a pessoa pode responder consoante aquilo que ela acha que a sociedade aprova, o que vai impedi-la de responder sinceramente.
Para um futuro estudo nesta mesma área, dever-se-ia ter um questionário que medisse realmente o altruísmo, assim como um pós-questionário que seria aplicado após a leitura do texto e permitiria comparar o nível de altruísmo antes e depois dessa mesma leitura.
Os textos deveriam ser testados para ver se induzem mesmo as emoções pretendidas.
Também seria desejável que as condições de aplicação fossem as mesmas para todos os participantes, visto que em certos casos (questionários passados no final de uma aula ou durante o intervalo), os participantes poderiam estar com pressa, cansados e portanto com menos disponibilidade para responder ao questionário.

Referências Bibliográficas

• Campenhoudt, L. V. & Quivy, R. (1998). Manual de Investigação em Ciências Sociais. Lisboa. Gradiva.
• Leyens, J. P., & Yzerbyt, V. (1997). Psychologie sociale. Bruxelles: Mardaga [ trad. Port. : Psicologia Social. Lisboa: Edições 70, 1997]
• Pereira, A (2003) Guia prático de utilização do SPSS. Análise de dados para Ciências Sociais e Psicologia. Lisboa: Edições Sílabo
• Ribeiro, J. (1999). Investigação e avaliação em psicologia e saúde. Lisboa: Climepsi
• http://chuma.usf.edu/~penner/altruismsurvey.htm

nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Love is....

A publicidade jornalisitica e as questões politicas

"As organizações politicas utilizam o campo jornalistico como o cenário natural da concorrência politica, o seu 'espaço público' particular para as suas controvérsias, canalizar as suas propostas para a sociedade, difundir os seus projectos, publicitar o seu sistema de valores, articular mobilizações e impulsionar as suas acções colectivas pontuais" (Séller, 2001, pp. 124-125).

"A perspectiva de qualquer transformação no campo jornalistico está condicionada pela necessidade de uma mudança social profunda (...) que tenha como conteúdo a valorização da informação como um bem público, assim como uma redefinição do jornalismo, de tal forma que o objecto fundamental do trabalho jornalistico, nesta nova concepção, seja tornar compreensivel os factos sociais, politicos, económicos, culturais que marcam a vida social para o maior número possivel de pessoas".

Séller, C. (2001), "Los Medios y la Formación de la Voz en una Sociedad Democrática", Análisi, 26, pp. 121-144.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Filme: Duplo Amor - Two Lovers




Leonard, um homem só e apaixonado entre duas mulheres

«Duplo Amor», título português para o mais recente filme do realizador James Gray, retoma aquilo que infelizmente o cinema americano tantas vezes se esquece de fazer: colar a vida ao ecrã exactamente como ela se desenrola. Provavelmente o último filme desse extraordinário actor que é Joaquin Phoenix dado ser sua intenção dedicar-se por inteiro a uma carreira musical, a trama detém-se sobre Leonard (Phoenix) um homem marcado pelo drama no amor. E é por uma tentativa de suicídio de Leonard que a película se inicia, ele que é bipolar intercalando a depressão mais profunda com a euforia desregrada.

Leonard amou muito uma mulher de quem esteve noivo. Mas a descoberta de uma doença que tornava o casal incompatível na hora de ter filhos (se nascessem morreriam antes de completar um ano) levou a sua apaixonada para lugar desconhecido arrastada pelos pais. O jovem amante procurou durante anos a mulher que amava, mas, sem obter o desejado êxito nessa busca, regressa a casa dos pais em Brooklyn, Nova Iorque. Curiosamente, ao longo do filme iremos observar como aos pais, nomeadamente à mãe Ruth (Isabela Rossellini), apenas interessa a felicidade do filho independentemente das humilhações que pudessem vir a sofrer com os seus actos de homem tresloucado ou, melhor dizendo, de homem apaixonado, livre. Isto, apesar de lhe tentarem um casamento com a recatada filha de um casal amigo, Sandra (Vinessa Cohen). E é entre Sandra e a sua bela mas um pouco volúvel vizinha Michelle (Gwyneth Paltrow) que se desenrola a duplicidade amorosa a que alude o título. E a angústia de Leonard entre seguir o seu instinto, acreditar no amor, ou ficar-se pela segurança de uma mulher que sabe amá-lo e não lhe oferece dúvidas.

Michelle, no fundo, nunca ‘maltrata’ Leonard. Ela é a amante de um homem poderoso, casado (Ronald, protagonizado por Elias Koteas), que a divide com a família e os afazeres profissionais. A sua culpa é unicamente a de ter concedido a esperança ao infeliz amante Leonard quando ela mesma se encontrava num beco sem saída com o homem que amava e acreditava deixasse tudo por ela. E como tantas vezes acontece na vida real, Leonard acaba por sofrer a amargura e o desencanto por ter acreditado num amor que o devastava a si mas não era inteiramente correspondido do outro lado.

«Two Lovers» é cinema sério. É um drama disfarçado de comédia romântica, é o renascer de um género tão maltratado pelos grandes estúdios de cinema atolados na megalomania de meios e na presunção de que aquilo que os espectadores querem é descomprimir com a docilidade de romances onde falta a verdadeira paixão e a complexidade labiríntica das questões do coração por vezes tão perigosamente perto de factores psicossociais que os condicionam.

James Gray é um talentoso realizador que já assinou filmes como «We Own The Night» (2007), «The Yards» (2000) e «Litle Odessa» (1994) e Joaquin Phoenix é na actualidade o actor que mais se aproxima daquilo que representa o mito de James Dean. E é também de há muito que ultrapassou a associação das avaliações ao seu talento tendo em conta o impacto da morte prematura do seu irmão River Phoenix. Neste filme Joaquin Phoenix volta a estar fantástico na pele de um homem apaixonado que segue um trilho dramático na relação com as mulheres por quem se apaixona. Mais que aconselhável, «Duplo Amor» é um filme imperdível. Até pela complexidade emocional da sua indissociável comparação com a vida.


Two Lovers, de James Gray, com Joaquin Phoenix, Gwyneth Paltrow, Vinessa Shaw, Isabela Rossellini e Elias Koteas

retirado do blogue - Cartório Mental by Joaquim Lucas

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

1º Passo...de uma longa caminhada

Comunicação Politica

David Miller, definindo a politica como "um processo pelo qual um grupo de pessoas, cujas opiniões e interesses são geralmente divergentes, chegam a decisões colectivas geralmente entendidas como vinculativas para o grupo e postas em prática como politica comum" (Miller, 1987, p.390), cita três elementos, normalmente envolvidos na tomada de decisão colectiva, que dão conta da profunda inter-relação entre comunicação e politica: "a persuasão, a negociação e um mecanismo para chegar a uma decisão"(Miller, 1987, p.390).

Miller, D. (1987), "Politics", in The Blackwell Encyclopaedia of Political Thought, Blackwell, Oxford, pp. 390-391.

Comunicação Politica

"Há mais que um laço verbal entre as palavras comum, comunidade e comunicação. Muitos homens vivem numa comunidade em virtude das coisas que têm em comum e a comunicação é a forma pela qual eles conseguem possuir coisas em comum. O que devem ter em comum para formar uma comunidade ou sociedade são objectivos, crenças, aspirações, conhecimentos: enfim, uma compreensão comum". (Dewey, 1916, pp. 1-2)

Dewey,J. (1916), Democracy and Education: an Introduction to the Philosophy of Education, Macmillian, New York.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

BIOLOGIA E FISIOLOGIA DO COMPORTAMENTO: A Síndrome de Korsakoff


No final do século passado, o médico russo Sergei S. Korsakoff descreveu uma síndrome que acompanhava certos casos de alcoolismo crónico cuja principal característica era a perda da memória. Esta síndrome designada desde então como Síndrome de Korsakoff resulta frequentemente de um historial severo de alcoolismo e é principalmente caracterizada por uma amnésia anterógrada e uma incapacidade para reter informação nova e pode revelar por vezes perturbações na memória retrógrada.
Esta doença resulta muitas vezes de um longo período de ingestão de álcool, isto por vários motivos: muitos alcoólicos têm maus hábitos alimentares, não ingerem os alimentos necessários ao organismo já que o álcool fornece por si só um alto valor de calorias. Assim sendo, os alcoólatras possuem muitas vezes défices de vitamina, nomeadamente de vitamina B1 ou tiamina. Para além disso, o álcool pode inflamar a parede do estômago e impedir que o corpo absorva as vitaminas que recebe, o álcool interfere também com o transporte gastrointestinal da vitamina B1. Estes factores vão provocar um défice de tiamina no organismo que vai dar origem às lesões cerebrais características desta doença.
A esta síndrome precede muitas vezes uma outra perturbação, designada por encefalopatia de Wernicke nesse caso a doença toma o nome de síndrome de Wernicke-Korsakoff. O sindroma de Wernicke-Korsakoff consiste em dois estádios separados mas que estão relacionados: os pacientes com desordem de Wernicke-Korsakoff apresentam uma progressão da doença de um estado súbito de confusão por vezes acompanhado por ilusões e confabulação (produção de histórias sobre as suas circunstâncias que são imprecisas ou mal colocadas no tempo). Este é referido como o estádio da encefalopatia de Wernicke e representa a fase penetrante da doença. No segundo estádio, o paciente torna-se mais estável e menos confuso e começa a entrar numa profunda e amnésia crónica, esta é a parte de Korsakoff do sindroma de Wernicke-Korsakoff
As lesões específicas desta síndrome afectam várias estruturas cerebrais. O diencéfalo é a zona mais afectada: observam-se lesões hemorrágicas nos núcleos anteriores e dorsomedial assim como nos corpos mamilares (núcleos do hipotálamo). Adicionalmente registam-se défices de volume no hipocampo e perdas significativas de matéria cinzenta no córtex orbitfrontal e mesotemporal assim como no tálamo e noutras estruturas do diencéfalo e também em grande parte dos ventrículos. Outras áreas lesionadas nestes pacientes incluem o cerebelo anterior, o bolbo raquidiano, também há evidências de atrofia do cortéx préfrontal dorsolateral. Observa-se igualmente uma patologia da matéria branca, indicando que os danos neste tecido podem ser os responsáveis pelas perturbações cognitivas e motoras próprias da síndrome de Korsakoff.
Todos estes danos nas estruturas cerebrais vão ter repercussões nas faculdades do indivíduo. A maior parte dos estudos feitos com pacientes de Korsakoff concentraram-se nas deficiências a nível da memória, pois esta é uma das funções mais afectadas.
A perturbação da memória que caracteriza esta doença inclui a deterioração da memória anterógrada provocando uma amnésia anterógrada (incapacidade em relembrar informação recentemente adquirida) ou na memória retrógrada (provocando amnésia retrógrada - incapacidade em relembrar acontecimentos remotos, informação que era familiar antes do inicio da doença), esta última mantém-se em muitos casos intacta, sendo a deficiência da memória anterógrada a mais evidente.
Butters (1984) realizou uma série de estudos de onde concluiu que a componente mais comum da perturbação de memória da síndrome de Korsakoff é uma codificação defeituosa da informação nova. O defeito na codificação da informação provoca uma impossibilidade do doente para aceder a muitas das experiências recentes ocorridas nos últimos dois ou três minutos, tendo assim pouco ou nenhum acesso a tarefas aprendidas nas quais participaram depois das lesões ocorrerem.
A evocação de informação presente na memória a curto termo não difere muito da dos indivíduos normais, mesmo com procedimentos de interferência.
Um aspecto da perturbação de memória desta síndrome é a falta de consideração das relações temporais: o indivíduo não usa essas relações para guiar e avaliar as suas respostas e expõe sequências de acontecimentos cronologicamente impossíveis, como por exemplo, existir televisão antes da segunda guerra mundial.
Outra das características marcantes desta doença que resulta da perturbação da memória é a confabulação, uma tendência do doente para preencher as falhas de memória que possui. O paciente acredita claramente naquilo que está a dizer, não existe uma tentativa óbvia de mentir. Kopelman (1987) faz uma distinção entre confabulação espontânea e provocada. Geralmente, o paciente que sofre da síndrome de Korsakoff irá utilizar a confabulação caso lhe perguntem algo sobre a sua memória, por exemplo, quando lhe fazem perguntas sobre uma história que acabou de ouvir. As confabulações espontâneas são mais raras e tendem a ser mais bizarras. Geralmente podem ser descritas como a produção engenhosa de memórias passadas. Esta falsificação da memória por parte do doente quando questionado acerca do passado para preencher lacunas produzidas pela amnésia envolve factos anteriores e verosímeis mas temporalmente desconexos. Por exemplo, se perguntarmos onde esteve na noite anterior, o indivíduo poderá responder que esteve a jogar cartas numa casa de amigos. Ele não esteve ali, mas era seu costume no passado ir até a casa desses amigo para jogar cartas.
Um aspecto interessante da perturbação de memória, característica da síndrome de Korsakoff, é a ruptura da capacidade de estar consciente das relações temporais e usá-las para guiar ou avaliar as suas respostas. Os pacientes tendem a mostrar-se indiferentes à cronologia dos acontecimentos ao relembrar eventos remotos, assim, expõem sequências impossíveis de acontecimentos, tais como haver televisão antes da segunda guerra mundial. Quando lhes é pedido que respondam a perguntas sobre acontecimentos passados, exprimem a primeira associação que lhes veio à cabeça mesmo que não seja uma resposta apropriada à pergunta que foi feita. Apesar de todas estas anomalias resultantes da amnésia, o doente não está consciente do seu problema.
Outras funções cognitivas são directamente afectadas pelas lesões das estruturas cerebrais, a atenção é uma delas: em tarefas realizadas para testar a atenção, os pacientes de Korsakoff apresentavam desempenhos fracos nalgumas tarefas e não eram susceptíveis de retomar actividades que tenham sido interrompidas. Além disso, no reconhecimento de estímulos visuais, estes doentes apresentavam tempos superiores aos dos sujeitos saudáveis (85 segundos para os doentes de Korsakoff, 25 segundos para os saudáveis). O reconhecimento de estímulos auditivos também se apresentava mais lento nos doentes.
Dado a natureza das estruturas afectadas nesta síndrome, é natural que os comportamentos emocionais também se mostrem alterados. O doente de Korsakoff revela uma apatia acentuada, que se manifesta na falta de interesse, curiosidade acerca do passado, presente e futuro, assim como uma falta de iniciativa. É igualmente possível que o doente seja atingido por uma insipidez emocional com capacidade para irritabilidade momentânea, raiva ou prazer que rapidamente desaparece quando o estímulo desaparece ou a conversa muda de tema. A inércia que se faz sentir nesta síndrome adicionada às profundas perturbações de memória fazem do doente de Korsakoff uma pessoa muito dependente, necessitada de supervisionamento por parte de outros.
Apesar de ser uma doença relativamente rara, é necessário estar atento a certos sinais que possam indicar a presença desta síndrome nos indivíduos, principalmente se estes possuem uma história de alcoolismo e apresentam dificuldades de memória, nestes casos é importante considerar a possibilidade de uma síndrome de Korsakoff.
Para diagnosticar o problema, é necessário a realização de exames mentais. Além disso, a tendência do doente para confabular deverá revelar se sofre ou não da síndrome, para isso, é verificada a retenção por parte do paciente de informação factual (perguntar por exemplo quem é o presidente), pode-se avaliar também a capacidade do indivíduo para aprender informação nova (repetindo uma série de números, ou relembrando o nome de três objectos que o paciente tivera que memorizar 10 minutos antes.)
Quanto ao prognóstico, convém salientar que 20% a 50% dos pacientes hospitalizados sofrendo da síndrome de Korsakoff vêem a falecer.
Embora o grau de ataxia, melhore na maioria dos casos com tratamento, metade dos doentes que sobrevivem continuam a ter permanentes dificuldades em andar.
A melhoria dos sintomas da síndrome de Korsakoff pode levar meses de reposição de tiamina. Além disso, os pacientes que desenvolveram a síndrome de Korsakoff revelam quase todos defeitos de memória o resto das suas vidas. Mesmo com tratamento de tiamina, os défices de memória são irreversíveis. No entanto, o progresso da doença de Korsakoff pode ser travado se a pessoa se abstiver totalmente de beber álcool, adoptar uma dieta saudável com um possível suplemento vitamínico e receber um tratamento com reposição de tiamina.
Todos estes procedimentos podem ser evitados se a pessoa tomar medidas de prevenção para evitar ser atingida pela doença. A prevenção depende da manutenção por parte de cada um de uma dieta suficiente em tiamina, ou complementando uma dieta inadequada com vitaminas. Uma das mais importantes formas de prevenção envolve sem dúvida tratar a dependência alcoólica (alcoolismo) subjacente à doença.
Concluindo, a síndrome de Korsakoff é uma doença neuropsicológica que se manifesta maioritariamente nos alcoólicos devido ao seu estilo e dieta pobre em alimentos nutritivos levando a défices vitamínicos que provocam lesões irreversíveis nas estruturas cerebrais. Estas lesões têm graves repercussões nomeadamente na memória, funções cognitivas e comportamentos emocionais. A amnésia é o traço mais característico desta síndrome que conjuntamente com as outras perturbações comportamentais torna o doente num indivíduo muito limitado e dependente.


Referências Bibliográficas:

Kolb, B. & Whishaw, I.Q. (2003 5ª edição). Fundamentals of Human Neuropsychology, NY: Worth Publishers


Fama, R., Marsh L., Sullivan E. V. (2003). Dissociation of remote anterograde memory impairment and neural correlates in alcoholic Korsakoff syndrome. Journal of the International Neuropsychological Society, 10 427-441

Bellach, A., Bonifacio, S. & Ramos, F. (1995, vol.1) Manual de psicopatologia. McGrow-Hill: Interamericana de España.

nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

Infância Perdida

A todos os pais e mães
Aos Educadores em geral...
A ti, menino,
Esquecido no silêncio dos tempos,
Perdido no Jardim de Infância...
A ti Agradeço, a lágrima, o sorriso,
A mão frágil que derruba os muros da pacata indiferença,
Num mundo que agora desperta
E olha por ti.


Vinagreiro e Peixoto (2000)

PSICOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES: WARR, Peter (2001) Age and personal initiative at Work, European Journal of Organizational Psychology,10, pp.343-353


O presente artigo trata-se de um estudo concluído no ano de 2001 por investigadores da Universidade de Sheffield no Reino Unido e Universidade de Giessen na Alemanha. O estudo contou com a participação de trabalhadores de ambos os sexos em regime de full-time, residentes em Dresden na Alemanha, tendo como foco a análise da iniciativa pessoal para o trabalho e iniciativa pessoal para o envolvimento em actividades de aprendizagem em função da idade dos indivíduos, em combinação com características demográficas e do próprio trabalho.

Conforme abordam os autores, os psicólogos têm-se dedicado principalmente ao estudo das variáveis cognitivas em relação ao padrão de idade dos trabalhadores, mas como refere Warr, o campo de estudo deve ser expandido para a análise de variáveis não-cognitivas, relacionadas com o estilo comportamental, que no caso do estudo em questão refere-se à iniciativa pessoal para o trabalho e para o envolvimento em actividades de aprendizagem.
A iniciativa pessoal para o trabalho envolve uma série de características que apresentam uma forte correlação com a orientação para acção, controlo, responsabilidade, mudança, etc., que segundo resultados de estudos elaborados neste âmbito não apresentam diferenças significativas nas diferentes idades. Em contrapartida, a iniciativa pessoal para implementar ou aumentar o auto-desenvolvimento com o envolvimento em actividades de aprendizagem tem uma tendência para diminuir à medida que aumenta a idade dos sujeitos.
A iniciativa pessoal é um conceito que vai de encontro à realidade actual do mercado de trabalho caracterizada pelas rápidas mudanças, o avanço tecnológico, a competitividade, a necessidade de maior flexibilização nas carreiras, etc.
A discriminação em relação à idade no contexto de trabalho é muito comum e muitas vezes baseada em percepções infundadas, daí que os autores salientam a necessidade de se testar empiricamente para justificar ou refutar tais percepções.
Os autores partiram das hipóteses de que a iniciativa pessoal para o envolvimento em actividades de aprendizagem têm tendência a diminuir à medida que a idade dos indivíduos aumenta e a iniciativa pessoal para o trabalho mantém-se inalterada ao longo do percurso laboral dos indivíduos.
O estudo realizou-se através de seis etapas de entrevistas com os dados recolhidos entre 1990 e 1995 por psicólogos e estudantes de gestão. A amostra foi seleccionada aleatoriamente tendo sido a adesão de 67 %, e embora se tenha perdido um número considerável da amostra nas etapas finais, esta manteve-se relativamente estável, permitindo a generalização para a população.
Até à 3ª fase, o estudo contou com a participação de 331 indivíduos trabalhadores efectivos, nas últimas fases o número de participantes foi reduzido para 250, sendo 135 do sexo masculino e 115 do feminino. A amostra também incluiu os cônjuges no caso de participantes que tinham parceiro (N=118), 63 do sexo masculino e 55 do feminino.
Foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas e escalas de auto-iniciativa para preenchimento por parte dos participantes e escalas para verificar os comportamentos observados nos sujeitos. A mesma escala aplicada aos sujeitos foi alargada numa última fase do estudo para ser preenchida pelos cônjuges em relação aos participantes.
Nos instrumentos utilizados foi efectuada a combinação de quatro medidas: a iniciativa geral no trabalho; a persistência face aos obstáculos; o comportamento activo face às dificuldades laborais e a impressão geral dos entrevistadores.
As questões sobre a iniciativa geral no trabalho foram formuladas directamente mediante os comportamentos anteriores no trabalho em conjunto com o aparecimento de problemas que os entrevistadores iam colocando aos entrevistados relativamente às questões laborais.
Na averiguação acerca da persistência face aos obstáculos os participantes foram submetidos a quatro tipos de situações onde teriam que responder o procedimento adoptado para ultrapassar os obstáculos propostos. Os entrevistadores contabilizaram o número de barreiras superadas.
Em relação ao comportamento face às dificuldades utilizou-se uma escala de cinco pontos para se obter a impressão dos investigadores em relação aos comportamentos observados nos participantes. Tentou-se deste modo verificar se os participantes ultrapassavam as barreiras propostas de forma mais activa ou mais passiva.
A impressão geral dos entrevistadores foi medida através de uma escala de cinco pontos na qual o entrevistador expressava a sua opinião acerca do inquirido.
Os instrumentos utilizados no estudo foram devidamente testados e apresentaram uma consistência interna alta demonstrada através do coeficiente de alpha (.75 e .74), o que nos leva a pensar que os mesmos medem efectivamente as variáveis do estudo de forma rigorosa, de acordo com os objectivos propostos.
Os instrumentos foram aplicados aos participantes por psicólogos e estudantes de gestão, que treinaram durante dois dias através de técnicas de role-playing. As entrevistas tiveram a duração de cerca de uma hora e meia.
Os resultados obtidos permitiram observar que a qualificação educacional, nível de trabalho, controlo e complexidade do mesmo são importantes preditores das duas formas de iniciativa pessoal, uma vez que podem facilitar ou dificultar a acção laboral dos sujeitos.
Os autores ao aplicarem a regressão múltipla dos resultados, verificaram que nos indivíduos do sexo masculino a idade não parece alterar a iniciativa pessoal para o trabalho dos sujeitos. Contudo o mesmo não acontece relativamente à iniciativa para a educação que decresce consideravelmente conforme o aumento da idade no caso dos indivíduos do sexo masculino.
Em relação aos participantes do sexo feminino a sua auto-percepção era a de uma alta iniciativa para o trabalho, percepção esta que não correspondia à realidade, uma vez que os resultados obtidos revelaram que a iniciativa para o trabalho diminuiu significativamente com o aumento da idade. Relativamente à iniciativa para a educação verificou-se que no caso do sexo feminino não se altera com a idade.
Um factor que poderá ter influenciado as diferenças dos resultados entre os sexos masculino e feminino poderá ser a situação sócio-económica do país em que foi realizado o estudo (Alemanha) se encontrava devido a condicionalismos de origem político que alteraram significativamente a realidade social vivida na região onde foram efectuados os testes.
Tendo em conta o sistema político que vigorava na Alemanha de Leste, é fácil percepcionar que os indivíduos não teriam muita iniciativa pessoal, em particular as mulheres que se encontravam numa sociedade demasiado castradora, estando já sujeitas a uma série de condicionalismos impostos pela sua condição.
As críticas que podemos fazer a este estudo prendem-se com factores tais como a realidade socio-política existente em Dresden na altura que o estudo foi efectuado, não tendo sido feito nenhum estudo paralelo de análise dos possíveis impactos desta realidade nos resultados obtidos.
De igual modo, não foi especificado a partir de que idade a decadência para a iniciativa de aquisição de novas competências se torna evidente ou mais pronunciada.
Verificou-se também que existe um espaço de tempo deveras significativo entre a recolha dos dados e a efectivação do estudo, o que pode explicar algumas das conclusões obtidas pelos investigadores.
Quanto a possíveis sugestões, estas prendem-se essencialmente com uma maior atenção que deveria ter sido tomada em consideração acerca das variáveis passíveis de influenciarem o estudo, e/ou o estudo da dimensão dessa mesma influencia.
Igualmente benéfica teria sido um alargar do estudo a um espectro diversificado de profissões, comparando-as posteriormente umas com as outras (servindo as profissões como variável moderadora), relativamente ao grau de exigência específica de cada uma, bem como o nível requerido de iniciativa para aquisição de novas competências que tais profissões exigem.
Poderia ainda realizar-se um estudo sobre a iniciativa do trabalho das mulheres mais velhas, visto que os resultados evidenciam diferenças em relação à convicção individual das mesmas sobre a iniciativa para o trabalho, e o que sucede na realidade: um decréscimo da iniciativa para o trabalho em mulheres mais velhas.

nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Sonho versus Realidade

Fiz-me psiquiatra para não ir ao psiquiatra; psicanalista, na procura de me entender; professor, com a finalidade de aprender. Egoisticamente, tornei-me relacional - o sabor da vida refinou-me o gosto pelas pessoas. Sempre viajando: entre sonhos, no pensamento: com gente, na realidade.
Sei pouco, mas julgo saber bem aquilo que sei.
Coimbra de Matos, Percursos (2007)

Sonho

"Nascemos de um sonho, vivemos no sonho, morremos quando o sonho acaba. E a cura analítica não é mais do que a abertura ao sonho; acaba quando o paciente sabe sonhar."

António Coimbra de Matos in Mais amor- Menos doença

Trocadilhos - "Psicanálise no Divã"


Com pensar
Com sentir
Com seguir
Com paixão

Eduardo Sá

terça-feira, 15 de setembro de 2009

COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL: Contrato Psicológico

“o contrato psicológico constitui as percepções de ambas as partes da relação laboral, organização e indivíduo, das obrigações implícitas da relação. O contrato psicológico é o processo social pelo qual se chega a estas percepções.”
Argyris (1960)



“o produto em grande parte implícito e tácito de expectativas mútuas que frequentemente antecede as relações de trabalho”.
Levinson et al.



“conjunto de expectativas não escritas que influem, em todos os momentos, entre cada membro de uma organização e […] outros membros dessa mesma organização”.
Schein (1980)



“o conjunto das percepções que os empregados têm sobre as obrigações recíprocas entre si e a organização.”
Rousseau

PSICOLOGIA DA SAÚDE: Anorexia Nervosa



A anorexia nervosa está classificada como uma perturbação do comportamento alimentar, constituída essencialmente por uma excessiva perda de peso, surgindo predominantemente em indivíduos do sexo feminino, sobretudo em adolescentes e jovens.
O diagnóstico, que nem sempre é feito com a precocidade devida, deve ser elaborado de forma a ter em conta os principais factores que explicam o emagrecimento.
O medo de engordar faz com que os doentes adoptem um comportamento destinado a alcançar os objectivos idealizados, mesmo que para isso tenham que deixar de comer e/ou utilizar métodos mais drásticos. Portanto, quando a doença atinge o seu pleno desenvolvimento o doente já perdeu muito peso.
Os doentes anoréxicos distorcem a sua imagem corporal porque têm tendência a considerar-se mais gordos do que na realidade são, mesmo estando francamente emagrecidos. A actividade física, intelectual, escolar e social não sofre, em regra, grande alteração ao longo da doença. Estes doentes são normalmente bons estudantes, mantendo ou acentuando o interesse pelos estudos.
Conclui-se que ao nível somático é habitual encontrar pacientes com uma apresentação física demasiado chocante para as pessoas que se encontram dentro de um padrão de normalidade. Por outro lado, do ponto de vista psicológico, os doentes anoréxicos apresentam, na sua grande maioria, uma personalidade rígida e obsessiva, pelo que o medo de aumentarem de peso e de se tornarem pessoas obesas transforma-se numa autêntica obsessão, não deixando de reflectir uma personalidade depressiva.
As possíveis causas psicológicas apontadas são de ordem afectiva, especialmente na infância. Por exemplo, uma decepção sentimental ou problemas familiares podem provocar o aparecimento desta doença.
A anorexia pode ser um sintoma nos distúrbios mentais (distúrbio comportamental, funcional ou orgânico, suficientemente grave e que necessite de ajuda de profissionais). Assim, a constatação do seu típico conjunto de sintomas, torna-se imprescindível para estabelecer um diagnóstico preciso que a distinga de outras doenças psiquiátricas, que apresentam como uma das suas características a diminuição do apetite e consequente perda de peso.
Relativamente à abordagem terapêutica, devemos entender que cabe ao terapeuta decidir qual deve implementar, tendo em conta a sua orientação teórica. A terapia cognitivo-comportamental apresenta resultados mais eficazes, segundo os autores.
É pertinente referir que o Psicólogo da Saúde é promotor de comportamentos saudáveis e que, através de programas de intervenção, inutiliza as crenças irracionais que normalmente se vão enraizando no processo de desenvolvimento de cada pessoa e que dificilmente são trocadas pelas mais correctas. Para além disso, mas não menos importante, é a aposta, por parte destes técnicos, na prevenção, tentando diminuir ou mesmo extinguir o surgimento de doenças e perturbações, que muitas vezes provêm de pensamentos distorcidos e porque não são fornecidas estratégias para a pessoa lidar com situações conflituosas com que se depara ao longo da sua vida.
A complexidade do transtorno (Anorexia Nervosa) incita à necessidade de um trabalho em equipa para melhor auxiliar os jovens com este comportamento problemático.

nº23192 - Zara Vilhena Mesquita

Referências Bibliográficas

Backmund, H., Gerlinghoff, M. (1997). Anorexia e Bulimia. (1ª Edição). Lisboa: Editorial Presença.

Bouça, D. (2000). Anorexia Nervosa minha amiga. ((2ª Edição). Porto: Ambar.

Bryan, L., Bryant-Waugh, R. (2002). Doenças do comportamento alimentar: um guia para os pais. (1ª Edição). Lisboa: Editorial Presença.

Raich, Mª., R. (2001). A Anorexia e Bulimia. Amadora: Editora McGraw-Hill.

Sampaio, D. (1998). Vivemos livres numa prisão. Lisboa: Edições Caminho.

Toro, J., Vilardell, E. (1987). Anorexia Nerviosa. Barcelona: Martínez Roca - libros universitários e professionales.