sábado, 15 de dezembro de 2007

Excerto da Obra: Doença mental, contra o preconceito para prevenir a exclusão

"Bem...o meu caderno mais parece um livro! E eu fico mais doente só de ler! Quando tento encaixar-me num qualquer tipo de perturbação da personalidade percebo que tenho muito de quase todas elas e concordo com o médico: devo estar mesmo muito doente. Nunca tinha percebido que os meus comportamentos eram resultado de uma doença mental. Nunca imaginei ser capaz de me rever nas páginas dos livros....nem que conseguia ler livros destes!
Concordo com o médico noutra coisa: tenho andado a desperdiçar a minha vida. Mas não sei como mudar...
Sinto-me perdido e confuso. Como se tivesse acabado de nascer e estes fossem os primeiros dias da minha vida. Como se não tivesse tido vida até agora....Os técnicos dizem que é possivel ajudar-me a estabelecer objectivos de vida e a conseguir atingi-los, desde que eu colabore e também o queira.
Os meus pais têm vindo visitar-me. Não param de me dizer como gostam de mim e o muito que desejam que eu consiga fazer algo de bom com a minha vida. Tenho a sorte de ainda os ter do meu lado. Ainda bem que não estão muito zangados com as patifarias que lhes fiz. Dizem que quando for para casa vão ajudar-me e manter-me no caminho certo e que tudo farão para me apoiar e compreender. Percebo que, afinal, são uns tipos simpáticos!"

É bom relembrar que a estabilidade emocional de um doente só depende de si próprio ainda que todos os que o rodeiam marquem um papel fundamental na sua recuperação. Torna-se importante que o doente reconheça os seus sintomas, os seus problemas e que sobretudo abra um caminho de esperança onde todos os técnicos, familiares e demais envolventes possam sobretudo ajudar e pacificar todo o sofrimento de uma vida.
O perdão deve coexistir sempre na linha de base de quem sofre de algum tipo de distúrbio emocional. A compreensão dos outros torna-se fulcral no bem-estar do doente. Quando se sofre deambula-se por caminhos incoerentes e constroem-se atitudes muito dispares, por isso é importante saber perdoar, saber agir e mais do que tudo saber compreender os que sofrem muitas vezes sem causas aparentes.

Um comentário:

Marisela Agra disse...

um post que gostei de ler. mostra a tua disponibilidade para sentir e perceber o outro.

um beijo :)