quarta-feira, 19 de agosto de 2009

PSICOLOGIA DA MOTIVAÇÃO - Literacia Emocional




Goleman, D. (1996). Inteligência Emocional. Lisboa: Temas e Debates


Actualmente, torna-se primordial a necessidade de ensinar as crianças a lidar com as emoções. Os educadores começam a deduzir que persiste uma iliteracia emocional advinda dos fracassos ao nível dos resultados da leitura e da matemática. Como consequência deste panorama, surgem nos EUA, elevadas taxas de suicídio entre adolescentes, gravidezes indesejadas na tenra idade, a taxa de criminalidade dispara em flecha sendo muitas vezes os adolescentes as vítimas, não deixando de parte o consumo de droga por parte das mesmas. Paralelamente à criminalidade, surgem nas raparigas inúmeras doenças mentais que chegam a provocar invalidez, tais como – a depressão, as desordens alimentares.
Como impedimento do natural desenvolvimento das crianças, surgem os problemas sociais, que criam ansiedade e depressão ao seu redor, a tal ponto que a atenção e concentração tornam-se inexistentes tendo como único reflexo o aparecimento de crianças delinquentes e agressivas.
A herança vitalícia de agressividade infantil pressupõe a pré-existência de pais detentores de um comportamento dúbio onde a aplicação de castigos severos e caprichosos é pertinente, tornando a criança paranóica ou combativa. Perante tal enquadramento, denota-se que as crianças invulgarmente agressivas agem com base em suposições de hostilidade ou ameaça. Estas crianças são emocionalmente vulneráveis na medida em que têm um baixo limiar de exaltação, irritando-se facilmente, recorrendo sempre à agressão física. Podem coexistir vários factores que desviavam as crianças para caminhos perigosos, tais como: o facto de ter nascido numa zona de alta criminalidade, ser oriunda de uma família sujeita a elevados níveis de tensão, ou viver num ambiente de pobreza.
Os delinquentes juvenis e os estudantes agressivos têm um tipo de mentalidade em comum: adoptam sempre soluções violentas. Muitas destas crianças agressivas sentem-se infelizes por não controlarem as suas emoções, e por esse motivo tentam seguir um modelo de auto-controlo que se pode basear na administração de respostas não automáticas, ensaiando, desta forma, respostas amigáveis que lhes preservam a dignidade e lhes dão uma alternativa à agressividade.
A depressão é uma doença comum entre as adolescentes existindo programas experimentais que permitem um adequado tratamento do problema, tais como aprender a lidar melhor com as suas relações: como fazer amigos, como sentir-se mais à vontade junto de outros adolescentes, como definir os limites da proximidade sexual, como ser íntima, como expressar os sentimentos. Os deprimidos parecem sempre incapazes de classificar correctamente os seus sentimentos, mostrando por isso, uma irritabilidade melancólica, impaciência, mau-humor e ira, especialmente dirigidos aos pais. Por vezes, a depressão surge de uma fatalidade genética, mas não é absurdo referir que a mesma possa coexistir pela simples adopção de hábitos de pensamento pessimistas que predispõem a criança a reagir às pequenas derrotas da vida, ficando deprimida. O maior custo da modernidade impera na ocorrência de elevadas taxas de depressão, e desta panorâmica insurge a chamada Era da Melancolia e da Ansiedade.
A necessidade de prevenção incide sobre crianças que vivem com uma tristeza advinda de um desalento que as deixa desesperadas, irritáveis, retraídas, coadunando com processos de melancolia. A tristeza sentida pelas mesmas, leva-as a evitar iniciar contactos sociais, interagindo com pressupostos de rejeição. As crianças deprimidas obtêm em larga escala maus resultados nos estudos, já que a depressão interfere com a memória e a concentração, tornando mais difícil prestar atenção nas aulas e reter o que é ensinado. O pessimismo invólucro nas derrotas da vida parecem alimentar a sensação de desespero e impotência que está no fundo da depressão infantil.
Paralelamente às depressões, surgem as desordens alimentares que se congratulam inúmeras vezes, na chamada anorexia nervosa e bulimia, onde a maior causa subjacente se reduz a uma incapacidade de identificar e responder adequadamente às necessidades corporais, tais como a fome. As desordens alimentares imperam na incapacidade de distinguir os sentimentos perturbadores e de controlá-los. Estas desordens alimentares nascem de uma sociedade que considera uma magreza não natural como um sinal de beleza feminina. O tratamento efectivo destas jovens tem forçosamente de incluir alguma instrução na área das competências emocionais, de tal forma que, necessitam de aprender a identificar os seus sentimentos e aprender maneiras de se acalmarem a si mesmas ou de gerir melhor as suas relações, sem recorrerem para isso a hábitos alimentares prejudiciais.
Existem dois tipos de tendências emocionais que levam uma criança a ser marginalizada e rejeitada: um é a propensão para explosões de fúria, vendo, por vezes, hostilidade onde ela não existe e o segundo é ser tímido, ansioso e socialmente retraído. A rejeição e a consequente solidão são vistas como percursoras da doença e da morte prematura.
Actualmente, os adolescentes recorrem ao álcool como fuga aos seus problemas sociais e emocionais mas, daqui advêm, muitas vezes, situações muito mais graves tais como, violações e acidentes causadores de morte prematura. Os adolescentes usam estas substâncias como uma espécie de medicação, a tal ponto que assumem o papel de acalmar os sentimentos de ansiedade, ira ou depressão. Assim, há duas vias emocionais para o alcoolismo: uma incide sobre o facto de uma criança ser tensa e ansiosa e a outra decorre de um alto nível de agitação, impulsividade e tédio. Por conseguinte, estas crianças são potencialmente nervosas, hiperactivas, com uma tendência atroz para procurar amigos em ambientes marginais, formando uma “personalidade anti-social”.
Ultimamente, têm sido sucessivamente declaradas “guerras” à gravidez juvenil, ao insucesso escolar, às drogas e à violência. Para fazer face a esta problemática, instauram-se competências emocionais-chave que se redimem a uma sociabilidade que atrai as pessoas, onde vigora a auto-confiança, um optimismo persistente face às derrotas e às frustrações, a habilidade de recuperar rapidamente das desgraças, e uma natureza serena.
Conclui-se que existem uma série de competências emocionais que devem ser preservadas, tais como: a autoconsciência – identificar, expressar e gerir os sentimentos; controlar o impulso e adiar a recompensa, e lidar com o stresse e ansiedade. Uma capacidade essencial no que respeita ao controlo de impulsos é saber a diferença entre sentimentos e acções e aprender a tomar melhores decisões emocionais, controlando primeiro o impulso para agir, identificando em seguida as acções alternativas e as respectivas consequências antes de finalmente passar à acção.
Como solução eficaz do desencadeamento destes problemas temos a implementação do currículo da “Ciência do Eu”, que se redime a um programa que visa ensinar o afecto em vez de usar o afecto para ensinar sendo a sua aplicação excepcionalmente usada nas escolas privadas. O objectivo da “Ciência do Eu” coincide com o facto de as crianças poderem desenvolver uma eficaz inteligência emocional, a tal ponto que lhes proporcione o triunfo em todas as tarefas da vida, colidindo em grande parte com a ascensão de um futuro promissor. Este programa é primordial na feroz necessidade de diminuir a criminalidade juvenil e o consumo permanente de drogas e álcool, assim como, na redução eficaz das desordens alimentares (bulimia, anorexia) na juventude da actualidade.

nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

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