sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

MARKETING INTERNO E EXTERNO: "Cereais integrais - Para um coração Saudável"

Este anúncio apela à conservação (saúde, felicidade através de uma alimentação saudável).
O público-alvo consagra-se nas pessoas em geral (a referência à dose diária recomendada abrange todos os grupos etários).
A marca Nestlé (evidenciado pelo logótipo) e o slogan “Cereais integrais para uma vida saudável”.
Os tipos de frase declarativa e interrogativa (a introdução na 2ª parte do texto informativo, “Porquê cereais integrais?”).
O vocabulário utilizado é relacionado com a ideia de vida (associação metafórica – coração/vida). No anúncio denotam-se vocábulos do domínio científico (biologia, botânica e nutrição), expressões explicativas (“deste modo”, “ou seja”) e a função da linguagem informativa.
A imagem apresenta dimensões reduzidas em relação ao texto verbal (que constitui o núcleo do anúncio) e o esquema explicativo do domínio científico.
Neste anúncio predomina a cor verde, ligada à natureza, assim como surge, o jogo entre maiúsculas e minúsculas a bold e variações no corpo de letra utilizado. Também são perceptíveis espaços em branco que destacam o título, a introdução ao texto e às várias partes que o compõem, o slogan e a imagem do produto.

Marketing-Mix

A marca dos cereais é de grande prestígio, sendo que a mesma é reconhecida internacionalmente. O anúncio apresenta-se com um nível de alta qualidade, tendo em conta que a sua embalagem e inovação é notável. – Produto
Estes cereais apresentam-se acessíveis a qualquer consumidor em termos de preço, visto que a sua qualidade e a concorrência disponível fazem com que os consumidores estejam dispostos a comprar o produto com alguma frequência. – Preço
Os cereais são distribuídos em qualquer ponto comercial, quer seja uma grande ou pequena superfície, tendo em conta que a marca Nestlé tem um grande impacto na sociedade actual. - Distribuição
Este tipo de anúncios recorre à publicidade, às promoções de vendas, às relações públicas, ao patrocínio e mecenato e ao marketing directo. – Comunicação e Promoção

nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

MARKETING INTERNO E EXTERNO: "Espere o inesperado- Açores - A natureza Intacta"

Neste anúncio publicitário apela-se à diversão (desejo de evasão, boa-disposição, jogo). A imagem apela à felicidade e ao bem-estar, incentivando os turistas a desenvolver actividades de lazer num local bastante confortável.
O público-alvo consagra-se na classe média e média alta.
No que diz respeito aos recursos verbais, insurge a marca – os Açores e o slogan “Espere o inesperado/a natureza intacta”. No anúncio é perceptível o jogo de palavras e de estruturas frásicas, entre elas destacam-se as declarativas e imperativas. O vocabulário utilizado inclui-se no campo semântico do lazer “paisagens”, “natureza”, “mar”, “passeiam-se” e coexiste um grande recurso à adjectivação. Neste anúncio também persiste a função poética (recurso à adjectivação expressiva, à metáfora, à personificação apelativa e ao uso do imperativo).
No que diz respeito aos recursos não verbais, a imagem surge como privilegiada em relação ao texto verbal. A nuvem baleia aparece metaforicamente associada à natureza intacta. A predominância da cor verde remete para a frase vital e para a frescura da natureza, o azul do céu e do mar completam um quadro natural e o branco das flores e nuvens representam a paz que se pode encontrar nos Açores. O corpo da letra é maior na marca e no slogan, o restante texto surge com descrição, ou seja, de uma forma secundária em relação à imagem.

Marketing-Mix
Este anúncio turístico impera pelo seu nível de qualidade, apelando a um destino paradisíaco e por si só o design do mesmo surge como inovador. - Produto
Estes anúncios turísticos apelam muitas vezes a descontos promocionais em determinadas épocas do ano, tendo em conta os preços implementados pelas agências de viagem da concorrência e o preço que o turista está disposto a pagar. – Preço
Os anúncios turísticos surgem muitas vezes em revistas, jornais, campanhas televisivas e flyers disponibilizados em agências de viagem. – Distribuição
Este tipo de anúncios recorre à publicidade, às promoções de vendas, às relações públicas, ao patrocínio e mecenato e ao marketing directo. – Comunicação e Promoção

nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

MARKETING INTERNO E EXTERNO: Mil Folhas - Jornal Público

A imagem representa, em grande plano, um bolo, formado por várias camadas de massa, recheado com creme e com uma cobertura espessa branca, decorada com desenhos de chocolate. O bolo está colocado num prato, protegido por uma guardanapo. Tem um aspecto apetecível, mas não requintado. É um bolo de pastelaria facilmente reconhecível: trata-se de um “mil folhas”. Por cima da imagem, está escrito “Todos os Sábados com o PÚBLICO o novo suplemento de cultura para devorar até ao fim”. Por baixo, lê-se em grandes caracteres a expressão “MIL FOLHAS” e um texto de quatro linhas explica o conteúdo do suplemento.
Este anúncio, de características muito simples, dirige-se a aspectos do psiquismo ligados a funções básicas. Embora sejam estimulados com especial incidência os sentidos visual e gustativo, a dominante recai sobre o prazer sensorial do paladar. O imaginário que é posto em jogo reenvia para um desejo descontrolado, próprio de um desenvolvimento psicoafectivo em que os sujeitos sucumbem a impulsos primários: as palavras “devorar” e “devore” assinalam esse aspecto. As cores pouco intensas conferem uma conotação muito inteligentemente conseguida, pois sendo tons suaves, fazem passar subliminarmente a ideia de alimento, representada pela imagem e pelo texto que a acompanha. No seu conjunto, o anúncio, ao jogar com o estádio dos desejos simples, diz ao consumidor que ele pode ceder aos seus desejos mais espontâneos de devoração.
A simplicidade da imagem e a estruturação em linha verticais e horizontais favorece a focalização do olhar do potencial consumidor do produto. O que se revela mais interessante, no plano da concepção deste anúncio, é o modo como o apelo a uma dimensão intelectual, racional, é accionada através de um sentido associado ao deleite sensorial, ao prazer puramente físico, transbordante nos seus excessos: incita-se o comprador a “devorar”, a “encher as medidas”, ordena-se, no fim, que “alimente a vontade de saber”. A vastidão do saber que se adquire com a compra do jornal e a consequente leitura do suplemento tem a sua expressão no nome escolhido do “mil Folhas”, que transmite não só a ideia de quantidade, mas também a da variedade, pois as folhas são dedicadas a temas como a música clássica e jazz, livros, arquitectura, design, artes plásticas. Assim, a polissemia da expressão “mil folhas” ocupa um lugar estratégico nesta campanha publicitária. Aqui, poderia também notar-se que a designação “livros” não corresponde a um género artístico, mas a um suporte comunicacional e industrial, o que mostra a extensão das utilizações do livro, não só como arte mas também no mais vasto dos sentidos culturais.
Como o anúncio se destina a publicitar um bem de natureza cultural, e o sistema de comunicação é fechado – é aos leitores do jornal que o anúncio se dirige – , o potencial comprador do produto caracteriza-se por ser um indivíduo de classe média-alta, detentor de um estatuto sociocultural que lhe permite ter interesse cultural e intelectual que perpassa por áreas muito diferentes. Dado tratar-se de um destinatário culto, consumidor de bens culturais, o anúncio evitou as imagens estereotipadas, procurando ainda atingir públicos culturalmente heteróclitos, mas potencialmente interessados no novo suplemento do jornal.
Marketing-Mix
Este anúncio surge num jornal nacional de grande prestígio comercial e cultural, demonstrando por si só um alto nível de qualidade. Este tipo de publicidade surge como algo inovador, demonstrando ter um grande cariz artístico, cativando e apelando o consumidor a desenvolver hábitos de leitura. - Produto
O jornal “O Público” é apelidado como sendo da alta sociedade, ainda que o seu preço seja equilibrado e não desproporcional em relação à concorrência. - Preço
Este jornal é distribuído em todo país e disponibilizado em todos os quiosques, papelarias e pontos de distribuição. - Distribuição
O Público é um jornal que recorre a inúmeras politicas de venda para o promover. Assim sendo, muitas vezes este jornal disponibiliza campanhas de sensibilização para apelar os consumidores a desenvolver hábitos de leitura, a inteirar-se das produções cinematográficas e discográficas, a conhecer um pouco o nosso país com a disponibilização de colecções de obras literárias de autores nacionais e internacionais, de filmes de grande prestigio do mundo do cinema e guias turísticos que proporcionem ao consumidor organizar de uma forma saudável as suas actividades de lazer. – Comunicação e Promoção

nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: Iniciativa e Relações interpessoais entre crianças dos 5 aos 7 anos



Comparando com os anos pré-escolares, as crianças mais velhas têm uma taxa de crescimento muito baixa, que influencia as habilidades coordenativas. Durante os anos escolares, as crianças demonstram possuir um grande desenvolvimento motor. As mais velhas são mais fortes e ágeis, tendo um maior equilíbrio que as mais novas. A participação e cooperação de crianças nos diferentes desportos torna-se cada vez mais real a partir 1970. As crianças que participam em desportos benéficos à saúde, predispõem de um exercício regularizado e desta forma, aprendem a cooperar umas com as outras. A nutrição nestas idades geralmente é feita de forma salutar, pois estas detêm um físico pobre em fibras, denotando-se muitas vezes a obesidade em faixas etárias mais baixas.
Na escola, resolvem-se problemas de lógica, usando operações, que até os próprios adultos utilizam como é evidente. As crianças tornam-se criativas na resolução destes mesmos problemas, pois conseguem mentalmente representar acções e focar uma multiplicidade de dimensões que ajudam a compreender a conservação da massa. Assim passam a seriar e numerar tarefas cada vez mais sofisticadas. As crianças são influenciadas pela família, cultura e por todas as experiências que a rodeiam.
O vocabulário utilizado pelas crianças continua a expandir-se rapidamente, começando mesmo a utilizar frases idiomáticas que não podem ser interpretadas literalmente. Mais tarde, estas começam a entender a linguagem pragmática, desenvolvendo habilidades a fim de manter temas de conversação, fazendo com que compreendam os outros com relativa facilidade. A maior parte das aprendizagens que ocorrem nos anos escolares incidem-se sobre a capacidade de ler e escrever. Os métodos de ensino utilizados variam ao longo dos tempos e muitos educadores recomendam usar a combinação de tarefas.
Para definir e medir a inteligência são usadas formas complexas e controversas. As mais comuns encaixam no chamado teste de QI da Escala de Inteligência de Wechsler que mede a performance da inteligência ao nível do conhecimento verbalizado. Em conjunto com todas estas formas controversas, a inteligência é testada ao nível das bases culturais que delineiam os resultados do QI tal como acontece como alguns grupos étnicos. Variadas concepções alternativas de inteligência foram propostas. A teoria tri-hierarquica de Sternberg descreve três componentes envolvidas nos processos de informação que influenciam a inteligência. Gardner mostrou muitas inteligências sugeridas que são muitas vezes dominadas pelas pessoas mais inteligentes. A criatividade é de difícil acesso. Os testes mais comuns usam componentes verbais e gráficas para medir a fluência, a flexibilidade e originalidade. Os esforços educacionais são focados de modos diferentes para a criatividade ser preponderante nas crianças por meio do encorajamento, usando estratégias especificas e estilos de trabalho.
Nesta faixa etária (entre os 5 anos e os 8/9 anos), as crianças são mais parecidas umas com os outras porque têm uma personalidade estável e interna, denotando-se uma aparência que recorre a mais meios de informação, desenvolvendo os seus talentos, habilidades e interesses. A discriminação de tarefas pode despoletar na criança um nível cognitivo mais alargado com a finalidade de compreender melhor o que a rodeia.
Acreditar nas crianças pode ter um papel activo na nossa própria educação, muitos educadores centram-se nas actividades estudantis a fim de encorajar as mesmas a resolver problemas de racionalidade e criatividade. A educação infantil necessita de ser alterada porque a população estudantil é muito diversificada. Parte da educação muda com a existência de melhores oportunidades para as crianças e providenciam necessidades especiais para algumas delas. As expectativas dos professores em relação aos estudantes influenciam a sua performance, porque os professores não têm bases suficientes, nem programas de treino que possam desenvolver métodos de reconhecimento.
As crianças que necessitam de apoio especial têm a garantia de educação pública gratuita que estabilizam a sua vida de aprendiz. As escolas são obrigadas a ter um papel muito importante na vida das crianças ainda que num ambiente restrito que possui uma alargada taxa de oportunidade. A desordem mental que as crianças demonstram implica o aparecimento de uma atenção deficitária que desencadeia uma hiperactividade perturbadora. Estas crianças além de um baixo nível de atenção, detêm uma impulsividade extrema. Os factores genéticos e ambientais influenciam intrinsecamente o seu desenvolvimento. O comportamento, a nutrição e inoperência dos medicamentos em determinadas doenças condicionam o seu desempenho. Os deficientes mentais têm uma funcionalidade intelectual diminuta, adaptando-se ao meio de uma forma mais induzida. Os retardados são distribuídos em quatro níveis que se identificam pelas suas funcionalidades. Já na altura pré-natal se conhecem as causas deste tipo de deficiências, mas as alterações ambientais podem ser uma das suas causas. As crianças mentalmente retardadas inserem-se em classes especiais, tendo obrigatoriamente direito a uma educação diferente.
Em contrapartida, as crianças sobredotadas podem ter dificuldades de identidade, especialmente os estudantes que se encontram em menoridade inseridas nas classes escolares. Aquelas que se apresentam sobredotadas podem aborrecer-se e ter dificuldades de integração nos parâmetros normais de uma turma. Estas podem ser encorajadas a entrar em escolas especiais, focalizadas em desenvolver os seus talentos. A melhor educação envolve um programa acelerado, onde se evidenciam as bases científicas.
As crianças que crescem num ambiente pobre não se envolvem num potencial desenvolvimento intelectual porque a nutrição é inadequada assim como a saúde é intrinsecamente afectada. As famílias podem deter um suporte importante para a intelectualidade das crianças e o seu talento desenvolve-se com sessões práticas de supervisionamento, e uma forte estimulação intelectual e educacional. A cultura das famílias influencia em grande parte os valores culturais dos seus descendentes.
A terceira infância está marcada por um período dispare de desenvolvimento. Nesta faixa etária assumem-se novos papéis e adquirem-se novas capacidades muito mais complexas em diversos ambientes, preenchendo as mais elevadas expectativas dos adultos. Muitas destas expectativas manipulam o comportamento das crianças, alterando aspectos sociais e morais. Na terceira infância, quando a criança entra na escola, fazem novos contactos com parceiros mais velhos e mais novos, distanciando-se dos adultos. Os novos ambientes e interacções têm maiores efeitos do desenvolvimento intelectual, social e infantil. Muitas crianças atingem níveis de sucesso elevados.
Durante a idade escolar as crianças encontram a sua performance na inter-relação com os outros. Estas crianças são avaliadas pelos professores, e assim os seus pais tomam conhecimento da sua performance e comportamento no recinto escolar. Os testes, os trabalhos de casa e as novas aprendizagens tomam a maior parte do seu tempo, adquirindo desta forma recursos adicionais de comparação entre os seus colegas. Nesta faixa etária, as crianças formam novos amigos e surgem os chamados inimigos. Muitos destas mudanças e stresses não estavam presentes antes das crianças entrarem na escola. Na terceira infância, as crianças têm que desenvolver novas estratégias de coping de acordo com o stresse implementado pelas alterações do meio ambiente socio-afectivo. Muitas crianças vêem estas transformações de forma saudável, utilizando as estratégias de coping de modo adequado, reajustando as suas tarefas de acordo com o tempo disponível.



Bee H. (2000. 9th ed.) The Developing Child. London: Allyn and Bacon.

Berk L. (2000. 5th ed.) Child Development. Boston: Allyn and Bacon.

Berk L. (2002. 4th ed.) Infants and Children. Boston: Allyn & Bacon.

Palacios J., Marchesi A., Coll C. (2001. 2ª ed.) Desarrollo psicológico y educación. Psicología evolutiva. Madrid: Alianza Edit.




nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: Iniciativa e Relações interpessoais entre crianças dos 3 aos 5 anos

Durante os anos pré-escolares (3 – 5/6 anos), o mundo social da criança revela-se repleto de oportunidades onde a aprendizagem social é feita através de relações sociais, sentimentos dos outros e emoções próprias. Isto acontece devido à existência de um leque diversificado de novas situações, pessoas e ambientes que a criança passa a dispor.
Com o desenvolvimento cognitivo, as crianças passam a ter uma nova visão do mundo social que as rodeia. Nesta altura, existem mudanças significativas na consciência da criança, bem como na imagem que estas têm de si mesmas. Conforme o modo como as crianças assimilaram e acomodaram as informações provenientes de experiências anteriores, algumas tendem a ver-se a si próprias como activas, independentes e persistentes. Por outro lado, estas mudanças também podem conduzir a uma visão negativa delas próprias (incerteza, fracasso).
Apesar de ser por volta do segundo ano de vida que a maior parte das crianças desenvolve um auto-conceito “rudimentar”, é aos 3 anos que o mesmo sofre importantes avanços. Assim, se anteriormente estas possuíam a noção de que tinham características diferentes de outras crianças (identificavam-se ao espelho, distinguiam-se dos demais), por esta altura já conseguem descrever-se em termos gerais, evidenciando características físicas (“Sou rápido”), em detrimento de características psicológicas (“Sou amável”). Este facto leva a que as crianças generalizem as suas capacidades, ou seja, pensam que, se são boas a desenhar, também são igualmente boas a montar um puzzle. Contudo, crianças por volta dos 4 anos já são capazes de diferenciar estes aspectos (Measelle, Ablow, Cowan, & Cowan, 1998). Assim como as crianças desenvolvem um auto-conceito, também desenvolvem uma auto-estima. Estes dois conceitos estão directamente ligados. Deste modo, se uma criança tende a ter uma auto-estima elevada normalmente possui sentimentos positivos em relação em si própria. Se, pelo contrário, uma criança tem uma baixa auto-estima, desenvolve sentimentos negativos acerca de si própria (tristeza, timidez). Uma baixa ou elevada auto-estima depende da relação que as crianças têm com os pais, com os grupos de pares, as condições sociais e culturais, a sua aparência física e as suas experiências. Em relação aos grupos de pares, as crianças com boas relações sociais com outras desenvolvem um auto-conceito positivo e, consequentemente, uma auto-estima positiva. Ser aceite pelas outras crianças é importante para que nos sintamos amados e queridos, e no caso das crianças em idade pré-escolar esta aceitação fornece um suporte social essencial, em relação ao afecto. Por outro lado, as crianças que são rejeitadas pelos grupos de pares tendem a desenvolver dúvidas acerca da sua capacidade de se relacionarem com outras, conduzindo-as à agressão, a um estado de privação e, consequentemente, a uma baixa auto-estima (Asendorpf & Van Aken, 1994; Egan & Perry, 1998; Hartup, 1996).
Para compreendermos melhor o mundo social da criança, é preciso falarmos de um aspecto intrínseco a esta: as emoções. À medida que a criança se depara com diferentes situações, pessoas e ambientes, as suas emoções tornam-se mais complexas e conscientes, quer em relação a si própria quer em relação aos outros. Dada a complexidade das relações sociais, a criança defronta-se com novas emoções: raiva, frustração, agressão. Assim, se as crianças enfrentam novas relações sociais, estão mais vulneráveis a entrar em conflito com outras crianças, e dependendo do mesmo as respostas a este serão diferentes. Á medida que os anos vão passando, as crianças aprendem a resolver os conflitos de forma a não perturbar os outros.
Acções como ajudar, partilhar e a noção de responsabilidade surgem relativamente cedo. Por volta dos 2/3 anos, as crianças já são capazes de partilhar brinquedos e alimentos com os outros, não só com os familiares, mas também com os grupos de pares. De facto, à medida que a criança se desenvolve e as relações sociais alargam, o mundo social desta tende a estender-se a outros membros que não apenas a sua família. Em face disto, as outras crianças vão ganhando cada vez mais importância. Sabe-se até que cerca de 50% das relações sociais da criança envolvem outras crianças (Grusec & Lytton, 1998). Os grupos de pares tendem, no geral, a ter as mesmas características. Como é óbvio, as relações familiares diferem muito destas novas relações que a criança passa a dispor, e nestes parâmetros, a própria criança passa a escolher os seus pares baseando-se em actividades que se tornam mutuamente vantajosas, como é o caso de dar e receber. Para além disso, a criança pode aprender no seu círculo social novas aptidões que não aprenderia num ambiente familiar, como é o caso da cooperação, da reciprocidade, a competição, a mentira, a luta., etc. Todavia, é no seio da família que se pode também encontrar os grupos de pares, como é o caso de irmãos ou irmãs, de idades semelhantes ou até mais novos. A chegada destes irmãos mais novos, por vezes, pode não ser assim tão fácil para a criança. Por vezes, tem efeitos negativos sobre o filho mais velho. Isto acontece devido a uma limitada compreensão da sua relação com o bebé. Este facto pode causar um aumento de sentimentos de agressão, frustração e dependência (Teti, 1992). Contudo, isto normalmente acontece com crianças de 3 e menos anos. A partir desta idade, a criança já entende a chegada do novo membro da família e tornam-se cada vez mais interessadas no novo rebento (Brown & Dunn, 1992) e passam a cooperar, colaborar e brincar com mais frequência.
A amizade entre as crianças faz com que as suas apetências se desenvolvam tais como, a capacidade de resolver conflitos, de estabelecer um pilar importante para a construção de futuras relações. A amizade consiste em estabelecer laços emocionais mútuos, que fazem com que a criança aprenda a controlar as suas emoções e a responder às emoções dos outros (Parker & Gottman, 1989).
Durante a idade pré-escolar a criança aprende a diferenciar os seus verdadeiros amigos, dos colegas de brincadeira, e a amizade torna-se uma base para muitas das decisões evocadas nas interacções sociais (Howes, 1989).
Assim, a qualidade destas relações entre os grupos de pares influenciam significativamente o desenvolvimento da criança. Quem possui relações pobres tem maiores probabilidades de desenvolver problemas psicológicos e comportamentais, que podem levar ao insucesso escolar e à delinquência ( Parker & Asher, 1987)

Bee H. (2000. 9th ed.) The Developing Child. London: Allyn and Bacon.

Berk L. (2000. 5th ed.) Child Development. Boston: Allyn and Bacon.

Berk L. (2002. 4th ed.) Infants and Children. Boston: Allyn & Bacon.

Palacios J., Marchesi A., Coll C. (2001. 2ª ed.) Desarrollo psicológico y educación. Psicología evolutiva. Madrid: Alianza Edit.


nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: Desenvolvimento Social da Criança entre os 0 e os 3 anos


Como seres sociais que somos necessitamos dos outros para sobrevivermos em sociedade, de tal modo que, criamos laços por influência de estados emocionais.
Apesar desta necessidade acreditou-se, por muitos anos, que os recém-nascidos expressavam a excitação geral como único estado emocional (as outras emoções só se desenvolveriam mais tarde e o estabelecimento de relações mais coesas seria insignificante com a ausência de aprendizagem de outro tipo de emoções).
Porém, na actualidade, acredita-se que alguns estados emocionais básicos são inatos e os restantes desenvolvem-se ao longo dos primeiros 12 meses de vida. O bebé com alguns meses de vida já consegue expressar afeição e aborrecimento, possuindo por fim a capacidade de estabelecer relações e adaptar-se ao ambiente que o rodeia. Todas estas capacidades permitem-lhes um mais largo “espectro de acção” sobre os adultos, possibilitando à criança chamar e manter a atenção dos pais (agentes de socialização primários).
Assim existem inúmeras emoções, que nos vão assolando ao longo da vida, mas a forma de exprimi-las limita-se a alguns trejeitos musculares, principalmente do rosto (o erguer do sobrolho, o enrugar da testa, o "beicinho" que as crianças tanto usam para conseguir alguma coisa que querem, etc...) O sorriso e o choro são as expressões mais usadas para expressar sentimentos e emoções.
Nos lactentes o choro é um reflexo que resulta de uma resposta normal e involuntária a um estímulo. As crianças mais velhas e os adultos choram por razões emocionais, tais como a dor, o medo, a tristeza, ou a vergonha. O choro é a primeira forma de comunicação verbal do bebé e pode ser interpretado como uma mensagem de urgência ou angústia.
Os bebés podem chorar muito nos primeiros meses de vida, mas desconhece-se a razão pela qual o fazem, mas muitas pessoas acreditam que o pode ser um reflexo do desenvolvimento normal do sistema nervoso central.
O choro na infância resulta mais de um mal-estar físico do que de sentimentos de tristeza. Apesar de não ser um factor que proporcione muitas interacções, o choro é importante no desenvolvimento da criança e dos laços que a unem aos pais.


« - Quando estás a escrever a lista dos milagres da vida, deves escrever entre os mais importantes o primeiro momento que o teu bebé sorri para ti....(...)As noites sem dormir, as preocupações, os choros... e de repente tudo isto valeu a pena...(...)»


Este é o relato de Bob Greene (numa entrevista de Bob Greene, a um jornal, sobre Amanda de 7 semanas de idade, 1984, pp. 33-34), um pai “babado”, para quem o sorriso da filha vale por tudo.
O sorriso é dos aspectos mais importantes do desenvolvimento emocional e social, (nos primeiros seis meses de vida da criança) reforçando a vinculação aos pais, desenvolvendo-se por meio de uma série de mudanças maturacionais. Assim, com poucas semanas os recém-nascidos apresentam ligeiros trejeitos nos cantos da boca, (relativos a alterações no sistema nervoso) identificáveis como sorriso (ocorrem normalmente durante o sono) – sorriso endogénio. Com duas ou três semanas o sorriso torna-se mais «aberto» e envolve mais músculos da cara, como consequência da estimulação externa, como festinhas – sorriso exogénio.
Pelas 6 a 8 semanas o sorriso patente em conformidade com a presença dos pais, demonstra ser um sorriso «largo», envolvendo toda a cara – sorriso social.
Ao longo do seu desenvolvimento o riso torna-se numa gargalhada. O riso é mutuamente um reforço e uma forma de trazer sentimentos positivos entre o bebé e os outros seres sociais. As interacções sociais não se esgotam nas emoções que dão sentido às inter-relações. As interacções entre crianças e adultos são primordiais no desenvolvimento infantil.
A brincadeira é o veículo primário para o desenvolvimento das inter-relações. A brincadeira é uma catapulta para muitas das respostas emocionais nas crianças pequenas, possibilitando-lhes uma oportunidade de experimentar as emoções, de aprender sobre o mundo em seu redor, de se aperceber dos sentimentos e emoções dos outros, e agir de acordo com estes. Mas as brincadeiras não ocorrem antes dos dois primeiros anos de vida. Nesta faixa etária, as crianças mudam de respostas sensório-motoras, tais como correr ou bater com um martelo de madeira, para brincadeiras mais simbólicas e solitárias, como fazer de conta que está a dirigir um carro ou trocar as fraldas de uma boneca
Assim as primeiras brincadeiras do bebé são muito egocêntricas envolvendo, maioritariamente, movimentos descoordenados dos vários membros. Assim, à medida que a criança vai tendo mais controle do seu corpo, explora mais ao nível do conhecimento das diversas partes do corpo como instrumentos úteis ao seu dispor para exercer acções sob objectos exteriores. Ainda assim, a brincadeira não proporciona muitos momentos de "comunicação".
As interacções criança – criança não acontecem ainda nesta fase devido a certos factores como: a inexistência de coordenação motora, de comunicação verbal, de centralidade cognitiva e descentralização.
Aos doze meses, as crianças interagir com os outros, e já que a sua natureza se torna egocêntrica e impulsiva, as suas relações demonstram ser intensas emocionalmente, conduzindo-as, muitas vezes a actos de agressividade. Mas estas respostas negativas ajudam-nas a compreender o seu mundo emocional, dando-lhes a oportunidade de ganhar auto-controlo ao nível sentimentos negativos.
Com ano e meio, as crianças demonstram mais interesse por brinquedos e objectos do que pelos que a rodeiam, apesar de já reconhecerem o seu próprio “eu” e os outros como seres independentes.
Embora não mostrem interesse umas pelas outras muitas vezes aproximam-se e imitam-se mutuamente, trocando sorrisos, abraços, carinho e afecto.
Após os dois anos, as interacções sociais entre crianças tornam-se mais positivas e primordiais, dando início aos processos de cooperação, de modo a fornecer um ambiente propício à manutenção das relações sociais (amizades). Ao fim dos 3 anos a criança já é capaz de interagir, tanto com o seu grupo de pares como com pessoas de outras faixas etárias.

Nº23192 - Zara Vilhena Mesquita




Bee H. (2000. 9th ed.) The Developing Child. London: Allyn and Bacon.

Berk L. (2000. 5th ed.) Child Development. Boston: Allyn and Bacon.

Berk L. (2002. 4th ed.) Infants and Children. Boston: Allyn & Bacon.

Palacios J., Marchesi A., Coll C. (2001. 2ª ed.) Desarrollo psicológico y educación. Psicología evolutiva. Madrid: Alianza Edit.