domingo, 30 de agosto de 2009

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

PSICOPATOLOGIA: Doença Bipolar






















A perturbação bipolar oscila entre crises de mania, hipomania e depressão, podendo muitas vezes apresentar sintomas psicóticos graves. Estima-se que 1% da população portuguesa em ambos sexos padece desta perturbação do humor.
Segundo estudos científicos, infere-se que os medicamentos são mais eficazes na estabilização do humor ao nível do alívio das crises de mania do que das depressivas. Actualmente, a psicoterapia cognitivo-comportamental torna-se num modo terapêutico bastante eficaz aliada à utilização da terapia farmacológica, não descurando o papel das intervenções psicossociais exteriores ao indivíduo que sofre de perturbação bipolar.
O lítio tem sido referido como um importante componente que actua no sistema serotinérgico, podendo ser extremamente útil no tratamento da perturbação bipolar, visto que o mesmo parece reduzir a agressividade em alguns doentes, além de que existem referências à sua utilidade em doentes depressivos com grande labilidade emocional. Também têm surgido algumas referências à utilidade dos inibidores da recaptação da 5-HT nesta doença, mas ainda não foram feitos ensaios controlados.
Nas perturbações afectivas bipolares, em que existem episódios maníacos e depressivos na história do doente, o lítio tem sido amplamente investigado em ensaios controlados contra placebo, estando estabelecida a sua eficácia na redução de episódios subsequentes. A consistência das observações sobre o efeito profiláctico do lítio não deixa dúvidas de que é este o tratamento de eleição. Os antidepressivos parecem menos eficazes do que o lítio na profilaxia da depressão bipolar, pois estão associados ao desencadear de episódios maníacos num número significativo de casos. Este fenómeno parece ocorrer com todos os antidepressivos e não com determinados fármacos. De uma maneira geral, a terapêutica de indivíduos com doença afectiva bipolar durante um internamento psiquiátrico, ou numa consulta de psiquiatria, continuando, depois, numa consulta para doentes externos exclusivamente a tomarem lítio. No entanto uma vez que estes doentes continuarão a tomar lítio durante toda a sua vida, o acompanhamento é feito, na sua maior parte, no centro de saúde da sua zona de residência. O lítio é um fármaco cuja prescrição acarreta problemas, uma vez que tem de ser monotorizada a fim de manter os níveis plasmáticos dentro dos limites estreitos para evitar níveis elevados, os quais estão associados a um aumento de toxicidade, mantendo por outro lado, um nível terapêutico eficaz. Infelizmente, estes doentes nem sempre ficam bem, quer porque deixam de tomar a sua medicação quer porque esta deixa de ser eficaz.

nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

Sem palavras...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Antiga Mulher

“A mulher era considerada um objecto cuja missão era procriar e exercer, por delegação do marido, poderes sobre a progenitura e sobre os escravos domésticos.”
(José Pacheco, 1998)

O Casamento

“Na velha moral romana (século I A.C.) o casamento era prioritariamente encarado como uma instituição que servia o prazer sexual.”
(José Pacheco, 1998)

Amor Passional

“O Amor passional é um estado de desejo intenso de união com o outro.”
(Alferes,1997)

Intensidade do Amor

“Amor... é o mais completo e articulado dos sentimentos humanos, que se exprime em múltiplas formas e graus de intensidade, e compõe-se de toda uma gama de emoções [...] É uma aptidão, uma faculdade que cada indivíduo dispõe, e que assume formas diversas no decurso da existência.”
(Slepoj, 1993)

Hipervalorização do Sexo

“ A hipervalorização do sexo pode tornar-se um jogo perigoso e que pode propiciar o efeito oposto ao que, supostamente, é desejado.”
(José Pacheco, 1998)

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: Iniciativa e Relações Interpessoais/Sociais entre crianças




O aprofundamento das teorias e sistemas conceptuais implícitas no tema Iniciativa e Relações Interpessoais e Sociais entre crianças, assim como o estudo personalizado de três importantes faixas etárias que se coadunam com as três primeiras infâncias -Desenvolvimento Social da Criança entre os 0 e os 3 anos; Iniciativa e Relações Interpessoais entre Crianças dos 3 aos 5 anos; Iniciativa e Relações Interpessoais entre Crianças dos 5 aos 7 anos - afiguram-se como um tema complexo, vasto e abrangente, susceptível de múltiplas abordagens (perspectiva biológica, cognitiva, sociológica e psicológica).
Numa perspectiva sociológica, podemos inferir a evolução da criança na sua relação com os outros, não esquecendo o desenvolvimento das suas competências emocionais, linguísticas, afectivas e de raciocínio, demarcadas muitas vezes nas suas brincadeiras. O desenvolvimento destas competências determinam firmemente o seu sucesso ou insucesso escolar. As capacidades mais vinculadas nestas crianças coadunam-se com a tomada de iniciativa, onde estão patentes acções de intencionalidade, desejo de amizade e a resolução dos conflitos entre o “eu” e o “nós”, despoletando por si uma atroz competência social. Ainda a este nível social surge a relação entre pares, sendo que os mesmos imperam por ser os mais importantes agentes socializadores. Os contextos onde se encontram implementados os modelos dos primeiros níveis de educação de infância tornaram-se os principais contextos onde as crianças se interrelacionam.
Numa perspectiva biológica, não poderemos esquecer que o desenvolvimento cognitivo e neurológico adequado é essencial à estabilidade socio-emocional da criança. Na primeira infância, os recém-nascidos expressavam a excitação geral como único estado emocional. As suas capacidades emocionais permitem-lhes um mais largo “espectro de acção” sobre os adultos, possibilitando à criança chamar e manter a atenção dos pais (agentes de socialização primários). Estes recém-nascidos revelam trejeitos musculares, principalmente do rosto. O sorriso e o choro são as expressões faciais mais usadas. Nos lactentes o choro é um reflexo que resulta de uma resposta normal e involuntária a um estímulo. O sorriso é dos aspectos mais importantes do desenvolvimento emocional e social, (nos primeiros seis meses de vida da criança) reforçando a vinculação aos pais, desenvolvendo-se por meio de uma série de mudanças maturacionais.
Numa perspectiva psicológica, torna-se importante salientar que na segunda infância as crianças passam a ter uma nova visão do mundo social que as rodeia. A auto-consciência começa a fazer parte do seu Ego. Conforme o modo como as crianças assimilaram e acomodaram as informações provenientes de experiências anteriores, algumas tendem a ver-se a si próprias como activas, independentes e persistentes. Por outro lado, estas mudanças também podem conduzir a uma visão negativa delas próprias (incerteza, fracasso).
Numa perspectiva cognitiva, a criança após a sua inserção na escola (na terceira infância), começa a progredir ao nível da resolução de problemas de lógica, adquirindo, também fluência e flexibilidade verbal, admitindo o uso de posições e/ou frases pragmáticas. A aprendizagem começa a ser direccionada a todas as dificuldades de enquadramento teórico-prático ao nível de crianças retardadas e sobredotadas. A criatividade é uma das capacidades desenvolvidas ao longo da aprendizagem escolar e a inteligência é muitas vezes avaliada pelos professores dos primeiros anos escolares.

nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

Filme: Antes que termine o dia

Filme: Doce Novembro

Filme: Cidade dos Anjos

CONSULTA PSICOLÓGICA - Recensão Critica


Feltham, C. & Horton, I. (Eds.) (2004). Handbook of counselling and psychotherapy. London: Sage - pp.448, 452

Paul Gilbert considera que um diagnóstico e tratamento adequado são essenciais para quem sofre de depressão. Esta última envolve diferentes sintomatologias, processos biológicos e psicológicos. Por razões psicossociais as mulheres são um grupo mais susceptível à depressão e em geral uma em cada cinco pessoas já apresentaram sintomas depressivos ao longo da vida. Quando existe um episódio depressivo há uma probabilidade do mesmo se repetir, e essa incidência ainda é maior em famílias desajustadas afectivamente. As depressões são muito heterogéneas resultando de uma multiplicidade de factores, incluindo vulnerabilidade biológica, experiências passadas na infância, problemas actuais num relacionamento e dificuldades de vida.
Beck sugere que a experiência interna de uma pessoa depressiva envolve uma tríade cognitiva negativa com sentimentos de vazio, tristeza, culpabilidade, incapacidade, apatia, pessimismo e negativismo sobre o próprio, o mundo e o futuro. A agressividade e a impossibilidade de escapar a uma situação difícil estão também associadas à depressão. Pacientes depressivos apresentam problemas interpessoais, sendo submissos aos conflitos.
No que se refere ao diagnóstico desta patologia, o psicoterapeuta deve proceder à formulação de várias questões que permitam saber como o paciente se apresenta a nível biológico, emocional, motivacional, cognitivo, ideacional e comportamental.
Paul Gilbert defende que subsistem emoções difíceis de avaliar tais como a agressividade, a ansiedade e a vergonha, e nesse caso o paciente necessita de ser consultado por um especialista em psiquiatria.
Alguns deprimidos recorrem aos anti-depressivos indicados para os distúrbios do sono, sintomas psicossomáticos, problemas de concentração e sentimentos de desânimo. O autor sugere que devemos indicar um psicoterapeuta aos indivíduos que manifestam esta sintomatologia e principalmente àqueles que apresentam ideias de suicídio. A depressão denota-se quando o paciente constrói ideias negativas sobre o que o rodeia, pensando e agindo de forma irracional. O autor defende que o psicoterapeuta não deve mostrar-se indiferente aos problemas dos pacientes mas sim, proceder ao questionamento de outras pessoas que convivem com o paciente.
A intervenção psiquiátrica pressupõe a utilização de medicamentos ao contrário do aconselhamento e da terapia psicológica. Os psicoterapeutas intervêm na depressão em termos da organização psicológica interna, dando especial enfoque aos relacionamentos problemáticos com os demais assim como às experiências passadas na infância. As primeiras sessões terapêuticas focalizam-se no conhecimento do tipo de relações interpessoais que o paciente estabeleceu ao longo da vida, dando especial atenção aos afectos, ao controlo, à negligência, à agressão e à vergonha que o paciente demonstra. Obviamente que as situações de abuso também se tornam relevantes para a avaliação psicológica do paciente.
O passo seguinte na intervenção terapêutica focaliza-se na cognição que o paciente tem de si próprio e dos outros. As pessoas que se vêem como inferiores, problemáticas e inadequadas, muitas vezes precisam de adquirir crenças básicas e elevar a auto-estima. Aqueles que deixaram de confiar nos outros ou foram abusados de alguma forma, encontram dificuldades para estabelecer uma relação aberta e de confiança com o psicoterapeuta. Isto pode ajudar a explorar algumas atitudes do paciente perante a vida. Crenças como “Nunca cometi erros”, “Preciso de ser amada todos os dias” desencadeiam determinados tipos de comportamento, e estes últimos insurgem como os responsáveis pela manutenção da depressão. Por exemplo, pessoas que acreditam que não conseguem viver sozinhas, estabelecem normalmente relações abusivas e de insatisfação. O autor considera que na depressão é extremamente importante adquirir novas formas de lidar com as adversidades, aprendendo a improvisar perante situações angustiantes. De acordo com Paul Gilbert, é importante partilhar a visão do psicoterapeuta com os pacientes, remetendo-os para as experiências passadas, de forma a perceber como os mesmos se vêem a si e aos outros, assim como o que pensam acerca do mundo e o modo como isso afecta o seu comportamento, particularmente nas relações interpessoais geradoras de conflito. Para se verificar uma mudança de comportamentos no paciente, é necessário estabelecer uma forte aliança terapêutica.
Existem vários tipos de intervenção na depressão. O autor prefere o modelo interventivo biopsicossocial, visto que existem distúrbios físicos que pela utilização medicamentosa influenciam psicologicamente o sujeito tal como o hipotirodismo. Muitas pessoas beneficiam dos anti-depressivos, ainda que se saiba que estes não ajudam a entender a origem da depressão nem tão pouco proporcionam a aquisição de estratégias de coping. Apenas as terapias psicológicas e as experiências vividas podem auxiliar o paciente. No que se refere ao nível social, o autor pressupõe que é importante explorar as dificuldades do paciente sejam elas profissionais, legais, etc.
Obviamente que existe uma multiplicidade de terapias psicológicas que podem ser usadas na depressão, e por isso mesmo, é importante focalizarmo-nos em aspectos particulares do paciente para que se possa avaliar qual a mais apropriada. Paul Gilbert afirma que tem por hábito centrar-se nos pontos de vista negativos do self e nos sentimentos de inferioridade inadequados destes indivíduos, para que à posteriori possa indicar-lhes modos eficazes de actuação face às adversidades. Existem inúmeras formas de intervir com estes pacientes, entre elas, a biblioterapia.
Geralmente, os psicoterapeutas ajudam os pacientes a angariar diferentes perspectivas acerca de si próprios evitando a aquisição de uma sensação de pessimismo e de inferioridade. Assim, é essencial obter pensamentos alternativos, testar a eficácia desses mesmos pensamentos e tentar mudar os comportamentos. Frequentemente, os pacientes deprimidos perderam a afectividade e o amor por si próprios, e para dar a devida assistência aos mesmos é necessário desenvolver sentimentos de compaixão e de perdão. Muitas vezes, torna-se pertinente conhecer todas as experiências traumáticas do paciente e se as mesmas se reportam a abusos com os quais o psicoterapeuta não sabe lidar, o mesmo deve encaminhá-lo para outro profissional de saúde.
Em suma, Paul Gilbert evidencia a depressão como um distúrbio complexo. E na minha opinião em concordância com o autor, é perceptível como existem diferentes causas, sintomas e consequências que evidenciam a utilização de várias terapias. A terapia psicológica nem sempre é a mais adequada para dois pacientes que padecem da mesma patologia, por vezes é fundamental recorrer à terapia psiquiátrica. E por isso mesmo, é evidente a clara resolução dos problemas de um deprimido por uma dada via terapêutica e outro por outra via.

Nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

EPISTEMOLOGIA - Em que sentido se pode afirmar que a Ciência Moderna vai trazer um novo modelo epistemológico?

“A ciência moderna conseguiu apenas emergir na efervescência cultural do Renascimento, e desde então associa-se progressivamente à técnica, tornando-se “tecnociência” e introduzindo-se progressivamente no seio das universidades (...), transformando-se e deixando-se transformar (...). A sua realidade é multidimensional. Assim, a ciência é intrínseca, histórica, sociológica e eticamente complexa. É de esperar que as transformações que começaram a fazer ruir a concepção clássica da ciência vão continuar a sofrer uma verdadeira metamorfose” [Morin, 1982] .
O modelo de racionalidade presente na ciência moderna constitui-se a partir da revolução científica do século XVI, tendo conhecido um abrupto desenvolvimento no domínio das ciências naturais. Este modelo global de racionalidade científica admite uma variedade interna que se distingue de duas formas do conhecimento não científico: o senso comum e os estudos humanísticos.
A nova racionalidade científica é um modelo totalitário que nega o carácter racional ao conhecimento não epistemológico. Esta característica simboliza a ruptura do novo paradigma científico com os que o precederam. O exemplo deste novo modelo de racionalidade apresenta-se na teoria heliocêntrica do movimento dos planetas de Copérnico, nas leis de Kepler sobre as órbitas dos planetas, nas leis de Galileu sobre a queda dos corpos, na grande síntese de ordem cósmica de Newton e na consciência filosófica que lhe conferem Bacon e Descartes.
Ao contrário da ciência aristotélica, a ciência moderna desconfia das evidências da nossa experiência imediata, que estão na base do conhecimento vulgar. A ciência moderna considera total a separação entre a natureza e o ser humano. A Natureza é só extensão e movimento: é passiva, eterna e reversível, mecanismo perante o qual os elementos se dissociam e, posteriormente se interrelacionam sob a forma de leis. A ciência moderna não tem qualquer outra qualidade ou dignidade que nos impeça desvendar os seus mistérios, já que visa conhecer a natureza para a dominar e controlar.
Para Bacon, a ciência fará da pessoa humana o “Senhor e o possuidor da natureza” e na linha de pensamento de Galileu e Einstein, o livro da natureza está inscrito em caracteres geométricos. Nesta medida verifica-se na ciência moderna uma predilecção pela matemática, onde conhecer significa quantificar e o que não é quantificável é significativamente irrelevante. Outra das consequências da centralização da matemática infere-se no método científico, que assenta na redução da complexidade, já que o mundo é complicado e a mente não o pode compreender totalmente. Conhecer significa dividir e classificar de modo a poder determinar relações sistemáticas.
A Natureza teórica do conhecimento científico decorre dos pressupostos epistemológicos e das regras metodológicas que formulam as leis. As leis enquanto categorias de inteligibilidade, repousam num conceito de causalidade predisposto pela física aristotélica. Aristóteles distinguia quatro tipos de causa: material, formal, eficiente e final. As leis da ciência moderna são um tipo de causa formal que privilegia o funcionamento das coisas em detrimento da sua finalidade. Por meio desta via, o conhecimento científico rompe com o conhecimento do senso comum.
No chamado senso comum e no conhecimento prático, a causa e a intenção convivem sem problemas, perante isto, na ciência a determinação da causa formal obtém-se com a expulsão da intenção. Este tipo de causa formal permite prever e intervir no real e, deste modo a ciência moderna soluciona os fundamentos do seu rigor e da sua verdade com o conjunto dos êxitos na transformação do real. Um conhecimento baseado na formulação de leis tem como pressuposto metateórico a ideia de ordem e de estabilidade do mundo, redimindo-se à concepção de que o passado se repete no futuro.
Como foi referido anteriormente, a chamada racionalidade moderna insurge com Galileu e Descartes. Galileu foi considerado o pai da Física Clássica enquanto que Descartes se propunha como pai da Filosofia Moderna. Assim, denota-se que a revolução galilaica está na origem de toda a ciência moderna, já que a mesma impera na própria emancipação da ciência.
Galileu instaurou o intitulado paradigma científico, por outro lado, Descartes aperfeiçou o paradigma mecanicista de alguma forma desvinculado, e não podemos deixar de reconhecer que este racionalista representa o repensamento metafísico de toda a revolução científica que o antecedeu e de que ainda é contemporâneo. No sistema cartesiano impõe-se uma ruptura entre o homem e a natureza, e ao reduzir a natureza à matéria-prima sobre a qual o homem soberano inscreve o sentido histórico do processo de desenvolvimento da ciência moderna, provoca uma ruptura ontológica entre o homem e a natureza, na base da qual se constituem a ruptura entre o sujeito e objecto do conhecimento. Ao introduzir uma ruptura entre o homem e a natureza, o pensamento cartesiano introduz ainda uma outra ruptura dentro do próprio homem.
Na necessidade de regressar ao pensamento de Galileu e Descartes radica uma prioridade em voltar a estudar os pensadores anteriores e os pensamentos a partir dos quais instauram a sua ruptura. O homem Renascentista do século XVI participava em comunhão com a natureza, interpretando-a à sua imagem, a partir de em paradigma animista. Esta suposição não deixa de ser um obstáculo à plena realização do seu domínio, à concretização final do poder que magicamente o atraía e o fascinava. Assim, seria necessário desumanizar a natureza e ao mesmo tempo desnaturalizar o homem e, por conseguinte, tornar-se-ia relutante destruir a noção de cosmos com todas as implicações e substitui-la por uma realidade transparente a uma outra lógica, inteiramente humana (a lógica da razão matemática e quantificadora).
Ao nível da definição das racionalidades, uma das grandes rupturas operadas entre o século XVI e o século XVII, de que Galileu e Descartes são os grandes obreiros, reside na passagem de uma razão estética para uma razão técnica, na passagem de uma percepção do mundo para uma racionalização maquinal do mesmo mundo, do homem e da própria razão.
Os principais representantes da Ciência Renascentista e mecanicista (séculos XVI a XVII) foram Copérnico, Galileu, Kepler, Newton e Descartes, e todos eles comungavam dos mesmos princípios. Assim, recorriam a procedimentos rigorosos, passando da “Theoria” à “Praxis”, tendo a capacidade de percepcionar através dos sentidos. A ciência implica a construção de instrumentos, partindo da chamada instrumentalização da observação, de forma a construir o cenário ou o laboratório para observar a realidade natural. Na ciência Renascentista ou mecanicista demarcam-se o experiencialismo e a quantificação da realidade através de metodologias experimentais, sendo necessário racionalizar e relacionar causas buscando hipóteses explicativas.
Dissertando Edgar Morin, o determinismo mecanicista é o horizonte de uma forma de conhecimento que se pretende utilitário e funcional, reconhecido pela capacidade de o dominar e transformar.
Na panorâmica da ciência, deduz-se que a mesma não é acumulativa, dado que nenhuma época conserva todas as verdades descobertas ao longo da História, produzindo-se, por si só, as revoluções, mudanças bruscas do modelo teórico e da concepção do mundo que se mantiveram durante um determinado período.
As concepções do mundo, anteriormente referidas integram-se nos chamados paradigmas, que incluem teorias metodológicas, técnicas, crenças gerais acerca do mundo e conjunto de problemas científicos. A época dominada por um paradigma é o “Período da Ciência Normal” caracterizado pela confiança absoluta dos cientistas no seu paradigma. Nestas épocas, os cientistas dedicam-se à resolução de problemas rotineiros conforme os ditames da sua teoria.
Segundo Kuhn, não é tanto à lógica que cabe estudar a decisão de escolha de um paradigma, mas mais à psicologia ou à sociologia. A ciência não visa um fim pré-estabelecido e para Kuhn, não tem sentido afirmar que a ciência progride, pois o progresso é visto como uma aproximação contínua à verdade e deste modo, o desenvolvimento da ciência não é teleológico. A negação do progresso como aproximação à verdade levou a que acusassem o pensamento de Kuhn não só de relativismo mas também de irracionalismo.
A palavra “ciência” tem sofrido diversas interpretações ao longo dos séculos. No decurso do tempo, o Homem tem procurado conhecer o inacessível mistério do Mundo e de si mesmo. Cego, indo de encontro das “coisas”, o Homem experimenta e erra; aventura-se e formula hipóteses; abstrai e, lentamente, vai construindo partes que o levam do conhecido para o desconhecido. De descoberta em descoberta, de invenção em invenção, inserido e controlado por todas as circunstâncias, sociais, políticas, éticas e económicas, as estruturas do conhecimento, do saber, vão-se multiplicando e complexificando. A ciência vai-se adaptando e evoluindo numa linha temporal.
As componentes teóricas necessárias à ciência, vão-se construindo. Nesse mundo dualista, “res extensa” e “res cogita”, a ciência vai-se precisando e dividindo, distinguindo-se de outras actividades, pelo reforço da razão, da lógica e da experiência. Assim sendo, introduz-se o método, “claro e evidente”. Através da ciência, o conhecimento vai centrando-se nos fenómenos, “coisifica-se” e admite como único conhecimento o Empírico-Experimental.
O método experimental contém problemas cruciais na sua construção, como sejam o da indução, o da demarcação (cujo critério é o da falsificabilidade), bem como problemas de empirismo, de objectividade científica e de comunicação subjectiva, como diz Popper. O conhecimento científico releva de partes do conhecimento do senso comum, ao qual atribui um método e uma terminologia.

nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

EPISTEMOLOGIA: “Uma imensa curiosidade pela Natureza, pelo Homem e pelo Cosmos caracterizam a mentalidade moderna”

“Uma imensa curiosidade pela Natureza, pelo Homem e pelo Cosmos caracterizam a mentalidade moderna” e “As concepções aristotélicas forma, na Idade Média, sobretudo instrumentos ideológicos”


Koyré, Alexandre (1983), Estudios de Historia del Pensamento Científico, Siglo XXI, Madrid.
Caraça, Bento de Jesus, Conferências e Outros Escritos, Ed. J. M. C., Lisboa, 1978.

Alexandre Koyré pressupõe no presente ensaio que “Uma imensa curiosidade pela Natureza, pelo Homem e pelo Cosmos caracterizam a mentalidade moderna” [Koyré, 1983]. Neste âmbito, Koyré insinua que a Época Renascentista abrange uma grande transformação intelectual, incidindo sobre uma mentalidade aberta, onde se acreditava que “tudo é possível” [Koyré, 1983]. Contudo, não se tinha a percepção de que tudo seria possível de acordo com o sobrenatural (aquilo que está para além do mundo perceptível) ou se pelo contrário, tudo seria possível por acção das forças naturais. Deste modo, surgiu o chamado Naturalismo, segundo o qual tudo era explicado em função da acção da natureza.
O Homem Renascentista detinha um grande espírito de aventura que o conduziam a grandes viagens de descobrimentos, de tal forma que, a circum-navegação do Mundo se torna num marco histórico importante, já que o mesmo levou ao enriquecimento espontâneo do conhecimento dos factos. O século XVI reuniu “uma recompilação de factos e uma acumulação de saber” [Koyré, 1983], predispondo o Homem para o estudo intrínseco do corpo humano, de forma a desenvolver o estudo da anatomia.
Alexandre Koyré salienta o facto da Época Renascentista incorporar “uma agudeza de visão positivamente prodigiosa” [Koyré, 1983] e, nesta linha de pensamento, o homem consciencializa-se de que seria primordial a presença de uma teoria classificativa para tornar possível a classificação razoável dos factos que iriam surgindo ao longo dos descobrimentos. O Homem Renascentista detém uma percepção da variabilidade. Nesta época, registou-se uma evolução científica à margem do espírito renascentista, perante a qual, Alexandre Koyré assentava a teoria conceptual de que seria necessário colocar de lado a “síntese aristotélica”.
Em contrapartida, no excerto de Bento de Jesus Caraça atribui-se às concepções Aristotélicas instrumentos ideológicos. Aristóteles um dos grandes pensadores do século IV a. C. interrogou-se sobre a existência de movimentos simples perfeitos e após a averiguação dos mesmos deduziu que apenas o movimento circular é perfeito.
Para Aristóteles nem a recta finita, nem a infinita podem ser perfeitas, só mesmo a circunferência o poder ser, dado que esta “completa-se a si mesma” [Caraça, 1978]. Bento de Jesus Caraça infere que no espaço dominam os movimentos perfeitos mas, em oposição, na Terra reina a imperfeição. De acordo com a concepção aristotélica, o universo é formado por esferas concêntricas e a Terra é centro do mesmo (geocentrismo). As mesmas sofrem a atracção de uma substância que lhes é transcendente, mais precisamente a substância divina que possui uma forma pura e imaterial.
Em conformidade com a concepção de Aristóteles podemos inferir a Terra como centro de um corpo divino. Este último está em constante rotação enquanto a Terra está em “repouso”. Aristóteles admitiu também a existência de cinco elementos que se redimiam aos corpos celestes, e por conseguinte, os fenómenos processados na Terra são influenciados por estes. Do Universo Aristotélico fazem parte as substâncias físicas terrestres e as substâncias físicas celestes. Estas são formadas pela matéria primeira e por quatro elementos (ar, fogo, terra, água). Em oposição, as substâncias físicas celestes são formadas por um quinto elemento, a intitulada quinta-essência. Aristóteles considera o mundo etéreo vivo e inteligente. Perante esta panorâmica, à semelhança de Aristóteles, também Bento de Jesus Caraça defende que “o movimento da terra é impossível” [Caraça, 1978].

nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

Para os sabores e dissabores da minha vida....

EPISTEMOLOGIA : “O pluralismo das ordens de inteligibilidade substitui o monismo do mito”

Gusdorf, Georges (1979), Mythe et Métaphysique, in TPU 3, M.E., Lisboa, pp. 65-67

Georges Gusdorf tentou, em primeiro lugar, reabilitar a mitologia que é, para ele, “uma primeira metafísica”. Vê na consciência mítica “um enriquecimento e um alargamento da razão”. Para este filósofo, trata-se, não de perder a razão, mas de a salvar regressando ao “homem integral”, realizando “a promoção do instinto a espiritual”. Um tal projecto separa radicalmente Georges Gusdorf do racionalismo e do intelectualismo e, não deixa criticar severamente essas correntes filosóficas às quais censura “desencarnarem a pessoa”. Georges Gusdorf esboça um regresso aos mitos que têm, segundo ele, a vantagem de enunciar a matéria da realidade humana e de desenvolver os valores no estado selvagem.
O papel da filosofia é, pois, o de retomar os mitos para operar uma purificação e uma discriminação. Há mitos de ascensão e de queda, de humano e de inumano. A razão concreta deve-lhes fazer o inventário, descobrir a sua intenção perfeita, autenticar os valores de que são portadores e fazer, assim, passar o homem da natureza à cultura. Para Georges Gusdorf uma morfologia ou uma tipologia dos mitos seria uma introdução ao conhecimento do homem concreto. Gusdorf como filósofo considera que o homem deve assumir constantemente a sua própria liberdade expondo-a a todos os riscos da existência.
Georges Gusdorf reflecte no presente ensaio acerca da necessidade de criação de uma atitude monística face ao mito, não descurando a pré-existência de um pluralismo das ordens de inteligibilidade. Deste modo, “a perda do lugar ontológico, garantido pelo mito e destruído pela razão, é sentida como uma transgressão, geradora de insegurança e de angústia” [Gusdorf, 1979: 65]. Esta abordagem debruça-se sobre o sentimento de transgressão que corresponde, como já foi referido anteriormente “à ruptura que se dá entre a natureza e a cultura” [Gusdorf, 1979: 65], procurando o justo meio entre as duas concepções alienantes que dominam o novo estatuto da condição humana perante a consciência moral e consciência religiosa. Nesta base, a chamada consciência reflexiva distanciou-se em relação à natureza.
Por outro lado, surge o saber como uma tentativa de reintegração, com o intuito de reencontrar um equilíbrio ontológico. Por sua vez, o mito incita uma implicação, tornando a consciência reflexiva como regime de separação e de oposição. O homem “descobre a autonomia do seu pensamento e do seu próprio ser” e, em oposição, “o próprio corpo humano é separado do pensamento e situado no universo das coisas” [Gusdorf, 1979: 65].
A questão fundamental de Gusdorf incide sobre o dualismo existente entre a ciência e a religião, que chegam mesmo a delinear uma especialização do sagrado e do profano. Nesta linha de pensamento, impõe-se uma realidade entre a transcendência do objecto puro e a da divindade. Por conseguinte, o homem presta “vassalagem” à natureza e a Deus, sendo o conhecimento consagrado pela possessividade.
O autor identifica o espírito que torna inteligíveis as coisas e o próprio Deus, consolidando a permanência do Homem. Esta postura assumida por Gusdorf, introduz dois conceitos paralelos a razão teórica e a razão prática como forma de aplicar o saber adquirido.
Dissertando a afirmação “O pluralismo das ordens de inteligibilidade substitui o monismo do mito” [Gusdorf, 1979: 66], constata-se que o mito era uma inteligibilidade dada e o saber implica uma inteligibilidade procurada. Gusdorf admite estas inteligibilidades como algo que padece ser uma funcionalidade da Razão, e por último, denota-se a importância da unificação da dita Razão. O mito, segundo este filósofo, introduz o pensamento como “uma espécie de sustentáculo do género da vida” [Gusdorf, 1979: 66]. O Mito afasta-se do Real para melhor o dominar, dando lugar à Razão, afirma Gusdorf.
Nesta encruzilhada, Gusdorf sustenta que o mundo da verdade corresponde ao mundo concreto. “As estruturas do pensamento e da acção ordenam-se em relação a estruturas de estruturas, cujo conjunto desenha as configurações do universo do discurso” [Gusdorf, 1979: 67] e, perante este dado adquirido, a autoridade da Razão coloca de parte as afirmações erróneas das sensações e do senso comum.

nº23192 - Zara Vilhena Mesquita

EPISTEMOLOGIA - Gonçalves, Raquel (1991), Ciência, Pós-Ciência, Metaciência – tradição, inovação e renovação, Lisboa: Terramar, pp. 11-18

Raquel Gonçalves reflecte no presente ensaio acerca das vertentes da Ciência, da Filosofia e da Epistemologia a fim de conhecer a metodologia das verdades, da concordância entre teorias e realidades, interrogando em última instância a linearidade do conhecimento científico. A Ciência não se isola das outras formas do saber e, neste ponto de vista, surge a investigação histórica que tem como consequência uma narrativa estruturada que se impõe perante o passado através de uma sequência lógica e de uma fidelidade vincada. Perante isto, surge a “Ciência como problema histórico e como questão filosófica” [Gonçalves, 1991: 12].
A questão fundamental deste excerto de Raquel Gonçalves realça o dualismo que persiste entre a “História e Filosofia das Ciências” e a “Epistemologia”. A “Epistemologia debruça-se reflexivamente sobre a obtenção dos conhecimentos pela Ciência, na tentativa de esclarecê-los em profundidade” [Gonçalves, 1991: 18]. A Filosofia da Ciência elabora as vias axiomáticas do conhecimento, consoante a análise dos fenómenos interiores e exteriores ao homem, criando a ciência como actividade fundamental da Filosofia. A Epistemologia e a Filosofia da Ciência correspondem a “conteúdos conceptuais diferentes no tempo real e no tempo de actuação face à Ciência” [Gonçalves, 1991: 18].
Neste âmbito, pretende-se criticar linearmente a importância da Filosofia para o desenvolvimento evolutivo da Ciência, aparecendo como consequência a aplicação de leis científicas fundamentais ao meio social. Torna-se relevante incitar que a Ciência evolui e transforma-se consoante o refutar de leis científicas e, por outro lado, a Filosofia implica pensar como fazer a Ciência evoluir através das questões empíricas: “Para quê?”, “Como?”, “Porquê?”.
A Ciência é um processo contínuo e permanente de explicação e interpretação das experiências físicas. Deste modo, a ciência é um conhecimento certo das coisas, dos seus princípios e causas. Por outro lado, pode-se dizer que a ciência é um conjunto de designações, descrições e generalizações que constituem um ramo particular de saber humano. A mesma resume-se a uma sabedoria, erudição e conhecimento. Pressupõe a racionalidade sobre as suas condições de existência validando a investigação metódica das leis dos fenómenos, detendo “um conjunto de conhecimentos coordenados, relativos a um objecto determinado” [Gonçalves, 1991: 12].
Por conseguinte, em torno da Ciência surge o saber e o conhecimento. “O saber é muito mais do que o conhecimento” [Gonçalves, 1991: 12]; o saber engloba todo um conjunto de pressupostos, tais como: a sabedoria ética, a sensibilidade estética, a justiça e o bem-estar. A par disto, afirma-se que o saber é a virtude própria do entendimento, tal como defendia Alain.
O conhecimento, advém do saber, já que o mesmo estabelece critérios de falsificação e veracidade. “O termo Ciência era entendido como o denominador do conhecimento certo” [Gonçalves, 1991: 13]. A nova concepção de Ciência surge como um aglomerado homogéneo de elementos de verdade.
Raquel Gonçalves salienta o facto de a Ciência ganhar ambiguidade, na medida em que existem Ciências Exactas e Experimentais e, por outro lado, as Ciências Sociais e Humanas. Neste domínio, a Filosofia chegou a requerer o estatuto de Ciência, tendo como credibilidade a ignorância dos peritos. A Ciência assume a função de procurar os fragmentos coexistentes e não necessariamente unificadores. “Ciência é a fronteira da dilatação do espaço cultural” como defende António Brotas. Jean Petitot adepto de um racionalismo científico radical, conduz-nos à seguinte reflexão: “a ciência é a expressão cultural que se propõe conter um movimento de determinação objectiva” [Gonçalves, 1991: 14].
Em oposição, a Filosofia subsiste como “uma indagação racional sobre o mundo e o homem com propósito de encontrar a sua explicação última” [Gonçalves, 1991: 15]; tendo como objectivo encontrar os princípios básicos da existência e da conduta humana. Filosofia remete-nos para o conhecimento e sabedoria como uma forma de ciência geral dos seres.
A Filosofia surge como esforço permanente da Humanidade, achamo-la em todas as partes: na vida e na reflexão, na ciência e na religião, nas religiões e nas técnicas, na civilização e na cultura. Tal esforço filosófico da Humanidade realizou-se através das experiências múltiplas do ser, do pensamento e do valor. “A Filosofia é tendência forte para o seu objecto, o saber. O filósofo não é apenas um homem afeiçoado ao saber, mas aquele que tem por ele uma perfeita avidez” [Gonçalves, 1991: 17].
A Filosofia e a Ciência pertencem ao “saber”, estudando o mesmo objecto, procurando, todavia, diferentes verdades. Nesta sua reflexão, Raquel Gonçalves reforça as ideias-chave patentes no campo da Ciência e da Filosofia – a “Filosofia é o princípio e o fim, a indagação primeira e a explicação última, a procura da verdade absoluta do Homem e do Universo”, – em contrapartida – a “Ciência é um meio, a investigação e o encontro de verdades parcelares” [Gonçalves, 1991: 16].
A autora desenvolve a noção de Filosofia das Ciências , dando-nos a conhecer o seu papel primordial na sociedade actual. A Filosofia das Ciências incute-nos a tarefa de estabelecer os “princípios normativos essenciais da Ciência, como uma unidade, e a integração reflexiva e superior dos vários conhecimentos científicos especializados” [Gonçalves, 1991: 16].
“A Filosofia da Ciência é, pois, um movimento elevado no sentido do conhecimento científico; o filósofo da Ciência, um pensador activo dos seus desígnios” [Gonçalves, 1991: 17]. O termo Epistemologia surgiu como substituto de “Filosofia da ciência”, em 1908, com Émile Meyerson.

nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

True Love

Frases Motivacionais

PSICOLOGIA DA MOTIVAÇÃO - Literacia Emocional




Goleman, D. (1996). Inteligência Emocional. Lisboa: Temas e Debates


Actualmente, torna-se primordial a necessidade de ensinar as crianças a lidar com as emoções. Os educadores começam a deduzir que persiste uma iliteracia emocional advinda dos fracassos ao nível dos resultados da leitura e da matemática. Como consequência deste panorama, surgem nos EUA, elevadas taxas de suicídio entre adolescentes, gravidezes indesejadas na tenra idade, a taxa de criminalidade dispara em flecha sendo muitas vezes os adolescentes as vítimas, não deixando de parte o consumo de droga por parte das mesmas. Paralelamente à criminalidade, surgem nas raparigas inúmeras doenças mentais que chegam a provocar invalidez, tais como – a depressão, as desordens alimentares.
Como impedimento do natural desenvolvimento das crianças, surgem os problemas sociais, que criam ansiedade e depressão ao seu redor, a tal ponto que a atenção e concentração tornam-se inexistentes tendo como único reflexo o aparecimento de crianças delinquentes e agressivas.
A herança vitalícia de agressividade infantil pressupõe a pré-existência de pais detentores de um comportamento dúbio onde a aplicação de castigos severos e caprichosos é pertinente, tornando a criança paranóica ou combativa. Perante tal enquadramento, denota-se que as crianças invulgarmente agressivas agem com base em suposições de hostilidade ou ameaça. Estas crianças são emocionalmente vulneráveis na medida em que têm um baixo limiar de exaltação, irritando-se facilmente, recorrendo sempre à agressão física. Podem coexistir vários factores que desviavam as crianças para caminhos perigosos, tais como: o facto de ter nascido numa zona de alta criminalidade, ser oriunda de uma família sujeita a elevados níveis de tensão, ou viver num ambiente de pobreza.
Os delinquentes juvenis e os estudantes agressivos têm um tipo de mentalidade em comum: adoptam sempre soluções violentas. Muitas destas crianças agressivas sentem-se infelizes por não controlarem as suas emoções, e por esse motivo tentam seguir um modelo de auto-controlo que se pode basear na administração de respostas não automáticas, ensaiando, desta forma, respostas amigáveis que lhes preservam a dignidade e lhes dão uma alternativa à agressividade.
A depressão é uma doença comum entre as adolescentes existindo programas experimentais que permitem um adequado tratamento do problema, tais como aprender a lidar melhor com as suas relações: como fazer amigos, como sentir-se mais à vontade junto de outros adolescentes, como definir os limites da proximidade sexual, como ser íntima, como expressar os sentimentos. Os deprimidos parecem sempre incapazes de classificar correctamente os seus sentimentos, mostrando por isso, uma irritabilidade melancólica, impaciência, mau-humor e ira, especialmente dirigidos aos pais. Por vezes, a depressão surge de uma fatalidade genética, mas não é absurdo referir que a mesma possa coexistir pela simples adopção de hábitos de pensamento pessimistas que predispõem a criança a reagir às pequenas derrotas da vida, ficando deprimida. O maior custo da modernidade impera na ocorrência de elevadas taxas de depressão, e desta panorâmica insurge a chamada Era da Melancolia e da Ansiedade.
A necessidade de prevenção incide sobre crianças que vivem com uma tristeza advinda de um desalento que as deixa desesperadas, irritáveis, retraídas, coadunando com processos de melancolia. A tristeza sentida pelas mesmas, leva-as a evitar iniciar contactos sociais, interagindo com pressupostos de rejeição. As crianças deprimidas obtêm em larga escala maus resultados nos estudos, já que a depressão interfere com a memória e a concentração, tornando mais difícil prestar atenção nas aulas e reter o que é ensinado. O pessimismo invólucro nas derrotas da vida parecem alimentar a sensação de desespero e impotência que está no fundo da depressão infantil.
Paralelamente às depressões, surgem as desordens alimentares que se congratulam inúmeras vezes, na chamada anorexia nervosa e bulimia, onde a maior causa subjacente se reduz a uma incapacidade de identificar e responder adequadamente às necessidades corporais, tais como a fome. As desordens alimentares imperam na incapacidade de distinguir os sentimentos perturbadores e de controlá-los. Estas desordens alimentares nascem de uma sociedade que considera uma magreza não natural como um sinal de beleza feminina. O tratamento efectivo destas jovens tem forçosamente de incluir alguma instrução na área das competências emocionais, de tal forma que, necessitam de aprender a identificar os seus sentimentos e aprender maneiras de se acalmarem a si mesmas ou de gerir melhor as suas relações, sem recorrerem para isso a hábitos alimentares prejudiciais.
Existem dois tipos de tendências emocionais que levam uma criança a ser marginalizada e rejeitada: um é a propensão para explosões de fúria, vendo, por vezes, hostilidade onde ela não existe e o segundo é ser tímido, ansioso e socialmente retraído. A rejeição e a consequente solidão são vistas como percursoras da doença e da morte prematura.
Actualmente, os adolescentes recorrem ao álcool como fuga aos seus problemas sociais e emocionais mas, daqui advêm, muitas vezes, situações muito mais graves tais como, violações e acidentes causadores de morte prematura. Os adolescentes usam estas substâncias como uma espécie de medicação, a tal ponto que assumem o papel de acalmar os sentimentos de ansiedade, ira ou depressão. Assim, há duas vias emocionais para o alcoolismo: uma incide sobre o facto de uma criança ser tensa e ansiosa e a outra decorre de um alto nível de agitação, impulsividade e tédio. Por conseguinte, estas crianças são potencialmente nervosas, hiperactivas, com uma tendência atroz para procurar amigos em ambientes marginais, formando uma “personalidade anti-social”.
Ultimamente, têm sido sucessivamente declaradas “guerras” à gravidez juvenil, ao insucesso escolar, às drogas e à violência. Para fazer face a esta problemática, instauram-se competências emocionais-chave que se redimem a uma sociabilidade que atrai as pessoas, onde vigora a auto-confiança, um optimismo persistente face às derrotas e às frustrações, a habilidade de recuperar rapidamente das desgraças, e uma natureza serena.
Conclui-se que existem uma série de competências emocionais que devem ser preservadas, tais como: a autoconsciência – identificar, expressar e gerir os sentimentos; controlar o impulso e adiar a recompensa, e lidar com o stresse e ansiedade. Uma capacidade essencial no que respeita ao controlo de impulsos é saber a diferença entre sentimentos e acções e aprender a tomar melhores decisões emocionais, controlando primeiro o impulso para agir, identificando em seguida as acções alternativas e as respectivas consequências antes de finalmente passar à acção.
Como solução eficaz do desencadeamento destes problemas temos a implementação do currículo da “Ciência do Eu”, que se redime a um programa que visa ensinar o afecto em vez de usar o afecto para ensinar sendo a sua aplicação excepcionalmente usada nas escolas privadas. O objectivo da “Ciência do Eu” coincide com o facto de as crianças poderem desenvolver uma eficaz inteligência emocional, a tal ponto que lhes proporcione o triunfo em todas as tarefas da vida, colidindo em grande parte com a ascensão de um futuro promissor. Este programa é primordial na feroz necessidade de diminuir a criminalidade juvenil e o consumo permanente de drogas e álcool, assim como, na redução eficaz das desordens alimentares (bulimia, anorexia) na juventude da actualidade.

nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

terça-feira, 18 de agosto de 2009

PTT - Formas de Consumo da População Juvenil

No processo de desenvolvimento psicológico, social e educativo dos jovens insurge uma relação fidedigna de identificação com as drogas. Deste modo, as formas actuais de consumo que os jovens demonstram no seu dia-a-dia interpelam com vários factores de risco como sejam a curiosidade em experimentar, a pressão dos seus grupos de pares, a busca de prazer, o controlo familiar inconsistente e a disponibilidade das drogas.
A curiosidade por experimentar revela ser uma característica natural e desejável da adolescência, sendo que a mesma surge com uma necessidade de ser educada de forma a converter-se numa fonte de maturação, impedindo que a mesma se torne em situações de risco.
A pressão do grupo de pares pressupõe que as amizades exercem uma pressão que facilita a adopção de determinadas formas de identidade (forma de vestir, música, etc.) mas que também pode levar ao consumo de drogas.
A busca do prazer leva-nos a pensar que o consumo de drogas está sempre vinculado ao desejo de desconectar das exigências mais entediantes da realidade, tendo por base a intenção de desfrutar o máximo do tempo de trabalho. Se durante a infância e adolescência não se aprendem outras formas de diversão, as drogas podem ocupar um lugar primordial de distracção.
O controlo familiar inconsistente revela-se quando as normas familiares são excessivamente rígidas para os filhos e adolescentes que têm difíceis formas de interiorização de padrões de comportamento claros, pelo que a sua socialização fora da família será afectada.
A disponibilidade das drogas que vigoram durante o desempenho laboral, levam a que os adolescentes denotem uma presença notável de drogas, sendo que o início do consumo se torna favorável por esta mesma disponibilidade de drogas ilícitas estar patente no mercado clandestino.
Visto que, o adolescente está em constante transformação fisiológica e psicológica insurge uma procura de novos papéis assim como uma procura incessante de novos caminhos que resolvam os seus problemas de identidade. Pressupõe-se que esta busca de novos parâmetros existenciais influencie absurdamente o consumo e abuso excessivo de drogas ilícitas e não só.
Durante a fase da adolescência, a personalidade pode sofrer várias alterações quer a nível cognitivo quer a nível comportamental e sob esta tensão e renovação interior surge uma busca incessante pelo prazer assim como uma curiosidade atroz em correr e novos e variados riscos.
Não podemos deixar de relativizar que os adolescentes pretendem fugir ao controlo familiar e que por isso mesmo tentam encontrar um suporte emocional nos novos pares que podem muitas vezes adoptar comportamentos de risco. Estes comportamentos de risco são vistos pelos jovens como uma fuga à realidade no que se repercute ao abuso de drogas, e sem a adopção deste mesmo tipo de comportamentos não se verifica a aceitação pacífica por parte dos restantes membros do grupo.

nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

PTT - Objectivos da Intervenção na área da Dependência das Drogas

Os principais objectivos da intervenção na área da dependência das drogas coadunam-se com o reforço da cooperação internacional entre as várias polícias com o intuito de combater o branqueamento de capitais. Para além disto, a promoção de um plano de acção sobre a Cooperação Internacional incita numa irradicação de culturas ilícitas (papoila do Ópio, arbusto de Coca e Cannabis) com o intuito de promover o desenvolvimento de culturas alternativas. Pode-se, em última instância, incitar que o controlo de precursores, admitem o evitamento do desvio de certos produtos químicos, necessários à produção ílicita de drogas.
Pressupõe-se que o problema da droga é cada vez mais contextualizado a um nível social vasto, onde os objectivos comuns abrangem a prevenção do consumo de droga, tendo como base a redução de danos provocados por este consumo de toxicodependentes que assumem um perfil “excêntrico, desequilibrado ou marginal”.
O combate à toxicodependência é uma questão de interesse comum, no sentido da redução de danos para a saúde, causados pela droga, dando mais ênfase à redução da procura, que à redução da oferta, ou seja admite-se a proeminência da chamada Prevenção Primária.
As intervenções neste âmbito tornaram-se mais rigorosas assentando em dados científicos, objectivos precisos, com metas de desempenho mensuráveis e avaliadas. Assim, surge um outro objectivo da intervenção na área da dependência das drogas, a chamada despenalização dos consumos. Neste ponto, a despenalização dos consumos, tornou-se mais consensual entre os estados membros que envolvem o Observatório Europeu de Droga e da Toxicodependência, fundamentado no princípio Humanista, que o Toxicodependente é um doente, que precisa de tratamento e não de prisão.
Noutra perspectiva, os objectivos da intervenção na área da dependência de drogas enfocam a redução da incidência de danos para a Saúde provocadas pelo consumo de Drogas, no que concerne ao HIV, hepatites, tuberculoses etc., assim como o número de mortes. Pressupõe-se também o aumento substancial do número de Toxicodependentes tratados com êxito.
Por último, e indo de encontro ao que já foi referido anteriormente, induz-se uma redução de forma acentudada a disponibilidade de drogas ilícitas, ou seja, o reforço do combate à oferta torna-se evidentes, sendo que as Forças de Segurança são dotadas de mais e melhores meios, tornando as sua intervenções mais eficazes.
Como objectivo primordial da intervenção primária, encorpora-se a redução atroz da criminalidade conexa à droga, assim como a redução de forma substancial o branqueamento de capitais e tráfico ilegal de precursores.

nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

Os Sentimentos....

Evanescence - "Lithium"

PTT - “Intervenção junto de Consumidores com problemas: que posso eu fazer?”

Segundo o meu ponto de vista podemos intervir junto dos consumidores de forma activa, procurando estar com o indivíduo, interessando-o por outras actividades, ajudando-o a descobrir os seus próprios gostos e capacidades, integrando-o num outro grupo de amigos. Por outro lado, também será primordial a existência de uma relação compreensiva e estimulante com o consumidor, ajudando-o a procurar apoio num centro de tratamento de toxicodependentes. Em relação aos pais, impõe-se o dever de ajudar os seus filhos, já que estes representam o melhor apoio que os jovens podem ter contra o consumo de drogas. Em certa medida, os pais podem ajudar os filhos a criar resistências através da educação que muitas das vezes se reflecte no amor e consagra-se pelo apoio dado ao nível da orientação emocional e sócio-profissional. Digamos que, um ambiente de estabilidade e comunicação nas relações entre pais e filhos ajuda-os a desenvolver os valores individuais e a autoconfiança que lhes permite resistir às solicitações e tentações exteriores. No entanto, não podemos deixar de relativizar a pressão dos amigos e colegas que por si só pode ter uma forte influência sobre o adolescente.
Tal como os amigos, os pais podem dar informações úteis sobre a droga mas, para o fazer têm que estar informados, o que não quer dizer que tenham que ser especialistas, mas sim ter os conhecimentos suficientes para poder conversar com os consumidores. Infelizmente, muitos pais só começam a conversar sobre estes problemas quando os filhos já estão inserido no "mundo das drogas", e nesta altura, já pode ser tarde. Os pais e os amigos devem falar sobre o flagelo da droga antes que o problema surja. Durante a instrução primária é provável que as crianças já saibam alguma coisa sobre a droga mas, é possível que o que estas sabem não esteja certo ou pior do que isso, que não se apercebam dos perigos da droga. Por isso mesmo, é primordial que os pais estejam preparados para informar, conversar com os seus filhos logo desde muito pequenos.
Em relação aos consumidores, poderei tentar informá-los dos perigos das drogas, dizendo-lhes que as drogas os impedem de ter uma vida saudável, que quando se começa é difícil voltar atrás e que as drogas conduzem a uma vida rotineira e desinteressante. Para além disso, poderei também demonstrar que o consumo de drogas me preocupa, visto que, as consequências físicas, mentais e sociais que as mesmas provocam são muitas vezes irreversíveis. Seria pertinente informar o consumidor que não há drogas boas e todas têm malefícios implícitos para a saúde, e para além disso as mesmas não são solução para os seus problemas interiores. Também será relutante fazer-lhes ver que todas as drogas criam dependência e é difícil parar.
De qualquer modo, não será de todo favorável para a recuperação do consumidor, falar apenas sobre a droga, pois o mais relutante será interessá-los sobre outros aspectos da vida, motivando-os para outras actividades. Conduzir o consumidor para uma consulta especializada onde lhe podem dar informações coerentes acerca do flagelo da droga será importante.
Hoje em dia, identificamos um número amplo de factores que diminuem a probabilidade de um adolescente consumir drogas. Alguns destes factores têm conotação com as trocas culturais e legislativas da nossa sociedade (eliminar a publicidade de bebidas alcoólicas e tabaco, aumentar a pressão, cumprir rigorosamente as leis que proíbem a sua venda a menores, generalizar a prevenção na escola, etc.).
Outros factores de protecção relacionam-se com características do próprio sujeito, que ao longo da sua vida têm de tomar a decisão de consumir ou não drogas. Alguns desses factores consagram-se com: canalizar positivamente a curiosidade dos adolescentes para actividades construtivas; compartilhar com adolescentes uma informação adequada e verdadeira sobre as drogas e os riscos associados ao seu consumo, a fim de favorecer uma tomada de decisão livre antes da previsível oferta de drogas que mais cedo ou mais tarde serão alvo de abordagem.
Para além destes dois factores, será inoperante referenciar que a educação das crianças e dos adolescentes com valores e atitudes de apreço, com respeito e responsabilidade para com a própria saúde e com a da comunidade é vista como uma das formas de intervir sobre o consumo generalizado de drogas; não esquecendo que estimular a auto-estima das crianças e dos adolescentes, torna-se num objectivo de redução do risco de interesse pelas drogas com a funcionalidade de melhorar o amor-próprio que se vigora como frágil.
Outro dos factores de protecção e intervenção junto dos consumidores evidencia-se no desenvolvimento de habilidades sociais que os ajudam a comportar-se com uma aceitável autonomia em relação aos seus amigos, a neutralizar positivamente às pressões dos seus companheiros que consomem drogas e, neste caso podem interrelacionar-se com o meio social em que se inserem; não esquecendo a promoção de uma vivência rica e diversa do tempo livre de forma a ajudar o adolescente a encontrar satisfações que não coloquem em perigo o seu desenvolvimento, ajudando-o a construir modos positivos de desfrutar o tédio a partir do lugar onde vive.
Por fim, evidencia-se que outra das formas de combate à droga se coaduna com o favorecimento de um exercício razoável da autoridade paterna que permite às crianças e adolescentes interiorizar normas aceitáveis de convivência, e ajuda a tomar decisões responsáveis aquando actuam movidos pela curiosidade e pelo prazer. Torna-se, então, primordial reduzir a presença das drogas em todos os lugares por onde se mobilizam os adolescentes.

nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

Pearl Jam - Immortality

Pearl Jam - Black

PTT - Conformidade e mudança

Conformidade é uma forma de influência social que caracteriza o comportamento de um indivíduo, a tal ponto que, o mesmo passa a ser determinado pela norma e pela pressão de um grupo ou de uma autoridade. A conformidade permite estabelecer opiniões de concordância entre os indivíduos, incluindo também os membros do próprio grupo ou da autoridade. No entanto, este tipo de conformidade pode incidir sobre um espécie de submissão exterior, instrumental ou cognitiva, mesmo que seja induzida por adesão à norma colectiva. A conformidade traduz simultaneamente o equilíbrio de uma estrutura, a uniformização das atitudes e a influência normativa do grupo. A conformidade de um sujeito no seio de um grupo depende da atracção exercida e do lugar que lhe é atribuído; o medo de rejeição sobrepõe-se à atracção.
Noutro plano, surge-nos a mudança que se interpela como um acto pelo qual um objecto se modifica ou é modificado numa ou em várias das suas características. Podem assim estudar-se os processos de mudança nas organizações sociais ou na estrutura da personalidade e ser levados em conta os factores que contribuem para a realização destes processos e aqueles que se opõem à mudança. Os factores de resistência à mudança constituem um objecto privilegiado de investigação na cura psicanalítica. Como o termo mudança não se reveste de um sentido técnico preciso, o seu uso exige que se determinem cuidadosamente o objecto ao qual ele se refere e os processos de transformação que a ele se aplicam.
A conformidade reduz-se a uma espécie de influência social que não deixa que cada um de nós disponha da sua criatividade para atingir determinados fins. A atitude conformista é a mais fácil de assumir porque por si só não gera disputas entre os indivíduos, a tal ponto que tudo é aceite sem o mínimo questionamento da origem dos factos. A conformidade pressupõe uma atitude de submissão face ao outro que por seu lado se torna autoritário em qualquer tipo de decisão interpelada ou não pelo grupo. A atitude conformista é aquela que não advoga nenhum tipo de discordância, apenas estando implícita a submissão, onde o chamado medo de rejeição se sobrepõe à atracção. Este tipo de atitude busca uma uniformização do grupo com respeito à influência normativa do mesmo.
Uma das consequências mais negativas da atitude conformista debate-se com o papel social de submissão, destruindo por si só a chamada liberdade de escolha, por outro lado podemos denotar uma consequência positiva na medida em que persiste uma inexistência de discussão inter e intragrupal. Interpelando a conformidade surge-nos a mudança que pressupõe obviamente uma alteração de pensamento e consequentemente de atitude face a um dado problema.
A mudança pode gerar conflitos entre os indivíduos pois, esta por si só, induz uma acomodação e uma assimilação de novos valores entre outros mediante um dado problema. A habituação à mudança é lenificada graças aos conflitos nela implícitos, no entanto a mudança pressupõe uma criatividade mais dinâmica face um dado problema. A mudança permite-nos conhecer novas perspectivas, novos valores incluindo em toda a sua plenitude uma atitude anti-conformista e indubitavelmente criativa.

nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

PTT - Competência Emocional

“A competência emocional é particularmente central na liderança, uma regra cuja essência é levada a desempenhar o seu trabalho de forma mais eficaz”
Daniel Goleman


Segundo Daniel Goleman, “ a competência emocional é particularmente central na liderança, uma regra cuja essência é levada a desempenhar o seu trabalho de forma mais eficaz” e nestes parâmetros pressupõe-se então que a inteligência emocional se revela como um factor indispensável a uma liderança eficaz. Digamos que, as habilidades intelectuais podem ser cognitivas e emocionais. Aquelas que se intitulam como cognitivas induzem uma maior capacidade de análise e síntese ao nível da liderança.
As habilidades ou atitudes emocionais ajudam o líder no seu rendimento e sucesso pessoal, coadjuvando-se com o aumento da confiança em si mesmo, melhorando a sua integridade, o seu auto-controlo, a sua preserverança para conseguir os seus objectivos ao nível da liderança, não descurando o aumento da compreensão de ambas as partes envolvidas num conflito social.
A competência emocional permite melhorar as habilidades pessoais de cada indivíduo com o intuito de solucionar conflitos atitudinais, aumentando por si só a sua capacidade de comunicação. As dimensões da Inteligência Emocional coadunam-se em intrapessoais e interpessoais. As dimensões intrapessoais ajudam o líder a ter consciência emocional de si mesmo, a auto-regular-se (autocontrolo, confiança, actua segundo a sua consciência, flexibilidade e criatividade), e também a motivar-se (estabelecendo compromissos, tomando iniciativas e relegando o optimismo). As dimensões interpessoais melhoram a empatia e as habilidades sociais (influência, manipulação de conflitos, estabelecendo vínculos, dando importância à colaboração e cooperação e espírito de equipa).
A competência emocional é uma capacidade adquirida invólcrua na Inteligência Emocional que se pressupõe no desempenho laboral. De todas as competências emocionais, as que contribuem para um maior rendimento de liderança incidem sobre o auto-conhecimento, o controlo do stress, a flexibilidade, a motivação, a iniciativa, a responsabilidade, a compreensão, gestão da diversidade, influência e capacidade de liderança.
Goleman em todos os parâmetros emocionais e cognitivos considera a inteligência emocional e as suas competências como chaves para o sucesso pessoal e profissional. Sem o desenvolvimento e aperfeiçoamento das competências emocionais não seria de todo possível revelar uma liderança saudável onde se pressupõe um investimento ao nível laboral, com o intuito óbvio de tornar o trabalho mais eficaz.

nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

PTT - Desenvolvimento Pessoal e Social - "Os defeitos também são qualidades"

“Os defeitos também são qualidades”, é um pensamento ambíguo pois logo à partida aquilo que pelo ser humano é considerado defeito não poderá ser na mesma linha de reflexão uma qualidade. No entanto, se nos debruçarmos sobre determinadas características que reflectem a nossa personalidade, iremos induzir um carácter implícito ao nosso ser que em complementaridade detém defeitos e qualidades equiparáveis. Para ser mais explícita, o ser humano poderá sugerir que a sua própria ambição por atingir determinado objectivo reflecte um dado qualitativo do seu carácter, pressupondo que sem a dita ambição não seria possível encontrar a plenitude desejada para alcançar determinado objectivo ou resolver um dado problema.
Paralelamente à definição da ambição como qualidade, poderemos cingir-nos à ambição como defeito, já que a mesma poderá conduzir o indivíduo a ultrapassar a liberdade e a posição socioeconómica do outro. Neste ponto de vista, a ambição pode ser levada ao extremo a tal ponto que o indivíduo não olha a meios para atingir fins. Não será despropositado referir que “o senso comum afirma a ambição como algo que cega as pessoas”.
Dependendo dos pontos de vista de cada um, o indivíduo poderá enaltecer o papel do perfeccionismo como um traço de carácter que o leva ao rigor absorto, recorrendo sempre a métodos de análise em conformidade com o possível alcance de uma imagem perfeita de si próprio perante os demais. Por outro lado, o perfeccionismo poderá levar-nos à exaustão, à exclusão social, resultando num egocentrismo atroz que se coaduna como um defeito que conduz o indivíduo ao extremo da perfeição, da excelência e da mestria, tomando por si só um estilo autoritário e agressivo. Conclui-se então, que “os defeitos também são qualidades” não descurando a ideia de que todos os nossos defeitos se podem tornar qualidades, basta pensarmos que tanto umas como outras são características da nossa personalidade.
Os defeitos podem ajudar-nos a conhecermo-nos melhor e a reconhecer os nossos erros com maior eficácia, tendo em conta que nos podemos tornar melhores pessoas em todos os âmbitos.
Reconhecer os nossos defeitos pressupõe uma qualidade patente no nosso ser, de tal forma que nos ajuda a solucionar os problemas subsequentes desses defeitos. Socialmente torna-se mais fácil reconhecer os nossos defeitos e qualidades por comparação com os outros seres humanos, e por intermédio das diferentes relações e papéis sociais possibilita-se o aperfeiçoamento das nossas qualidades e defeitos.

aluna nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

PTT - Influência Social e Saúde (Bem-estar Académico)

De que forma o convívio académico muda as atitudes e coloca em risco o estilo de vida saudável do estudante?

O jovem adulto encontra-se numa fase de transição que o induz à construção de uma identidade mediante um processo de formação profissional, por via de uma conquista da autonomia, estando implícita a frequência de um curso académico, com vista a exercer uma profissão, não descurando a independência económica que se conjuga com a procura de um relacionamento estável.
Perante esta construção de identidade, a maior parte dos jovens adultos reúnem condições e predispõem-se à união da sua identidade com a de outras pessoas. Aqui está implícita a convivência académica, onde as atitudes perante o outro se tornam fulcrais para o estabelecimento de amizades que muitas vezes influenciam o indivíduo a tomar uma determinada progressão académica seja, ou não, contraditória em relação ao desenvolvimento psicossocial do indivíduo.
Assim, os jovens adultos procuram relacionamentos de parceria, disponibilizando-se para cumprir os seus objectivos, ainda que para isso necessitem de fazer algum sacrifício.
A educação pelos pares conduz uma minoria de representativos de um grupo, a tentar informar e influenciar a maioria. Digamos que, na intitulada educação pelos pares poderá ser dado aos mesmos jovens educadores o papel de “agente de mudança”.
Nesta medida, os jovens são formados em temas de saúde e, ao implementarem diferentes actividades e discussões, geram intrinsecamente mudanças nos conhecimentos, atitudes, normas, crenças, e comportamentos dos seus pares. Segundo os parâmetros saudáveis patentes na nossa sociedade, a qualidade de vida e o bem-estar do estudante depende não só das características pessoais do próprio, das competências adquiridas no seio familiar, da escola ou da sociedade em que vive, mas também do contexto académico em que se encontra inserido.
Conclui-se, então que, o convívio académico pode colocar em risco o estilo de vida saudável do estudante, pois se o individuo pode alterar o seu ponto de vista e a sua cognição pessoal sobre o mundo das drogas com respeito ao papel social de influência desempenhado pelos demais estudantes, é lógico que poderá mudar as atitudes face a este flagelo social, tomando a opção de se tornar ou não toxicodependente.
Será relutante exacerbar o autoritarismo patente em alguns estilos de comunicação que levam à mudança de atitudes do grupo. O estilo de comunicação que exerce mais influência no modo como as relações se estabelecem em termos de subjugação de papéis alia-se ao estilo agressivo e estilo manipulador.

aluna nº 23192 - Zara Vilhena Mesquita

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Um desenho

Um espirito...um desenho...uma página....um ponto final ou talvez um recomeço por entre as paredes da minha alma...nada mais bonito do que desenhar um circulo ainda por fechar. E se a vida fosse apenas um paradigma? E se o mundo fosse apenas um rodopio de miragens mal desenhadas....talvez tudo seja mais belo, menos perfeito e por si só único se pintar a lápis de côr os paradigmas da vida. As incongruências dos segundos abismais que constam em mim são bem mais solitários que outrora. Tudo é tão vazio, mas ao mesmo tempo tão libertador...Tudo é pouco surpreendente demais, é pouco enigmático...nada dá côr aos meus olhos. Sonhei com uns lábios doces, com um olhar sincero....mas nada mais frio do que perceber que esses lábios não existem, esses olhares jamais nasceram para se aproximar de mim. Talvez seja eu que não deixe aproximar, talvez seja eu que sinta a dor de me magoar. Por passados dolorosos tenho de me declarar à solidão. Preciso de uma borracha para me purificar, para me inundar de caminhos novos....Custa-me sair do mesmo buraco, sinto-me perdida no tempo absorvendo as dores de mim própria. Sinto que ninguém me pode ajudar. É dificil demais sair deste escuro...